Para os próximos anos, a tendência é de aumento no volume de dívidas renegociadas pelas redes varejistas, segundo Leonardo Coelho, diretor da Alvarez & Marsal, consultoria de empresas especializada em gestão e negociação de dívidas. “Poucas varejistas têm dívidas sob controle hoje. A maioria perde lucratividade por conta do cenário de consumo retraído. E não há ainda perspectiva de melhora da economia, devido à crise política”, afirma o consultor.
Ele também observa que as dívidas renegociadas em 2015 e no começo deste ano, vencem ao longo de 2017. “Com o cenário macroeconômico desfavorável para geração de caixa, essas empresas terão que renegociar novamente os prazos. Vai ser um ano difícil”, diz. A estimativa é de que as empresas do setor ainda levarão de dois a três anos para equilibrar as contas.
R$ 20 bi em dívidas com atraso só em 2016
Todo o mercado de varejo renegociou neste ano em torno de R$ 20 bilhões em dívidas com atraso, segundo estimativa da Alvarez & Marsal. Empréstimo para capital de giro é principal fonte de dívida renegociada no varejo este ano, tomados principalmente em bancos comerciais. Também pesaram dívidas contratadas em anos anteriores que venceram agora. “Com a expansão dos shoppings no começo da década, as redes de varejo fizeram muitas dívidas para abertura de lojas e isso está pesando agora”, observa Leonardo Coelho.
“A maior parte da dívida das empresas do setor é saudável, ou seja, paga no prazo, conforme foi contratada. Esse montante é de dívidas que as empresas não conseguiram pagar, nem com atraso, e tiveram que renegociar, com ou sem recuperação judicial”, afirma Coelho. Segundo o especialista, no caso das empresas de varejo, o índice de sucesso supera os 70%, mas essas empresas não têm um histórico de renegociação de dívidas para saber se a nova rodada terá um índice alto ou baixo de êxito. Em geral, elas conseguem negociar abatimentos nos juros e prazos de carência superiores a 12 meses. A maioria das renegociações foi feita fora do âmbito da Justiça, mas parte delas se deu com recuperação judicial.
Alívio ao caixa
O pacote do governo federal para pagar dívidas fiscais trará alívio ao fluxo de caixa das empresas em geral, mas não terá um grande efeito para as varejistas. “O grande problema do varejo é que a maior parte das dívidas tributárias não está no nível federal. Os problemas são com ICMS e para esse tributo não há saída. PIS e Cofins são importantes na composição do custo do varejista, mas é uma alíquota de 9,25% contra 17% do ICMS”, afirma Leonardo Coelho, da Alvarez & Marsal.