Com o aumento da aproximação entre animais de estimação e donos, a tendência para o varejo pet é que as lojas especializadas ganhem cada vez mais espaço. Para contornar a situação, super e hipermercados precisam melhorar estratégias para o segmento, com diversificação de produtos e até a oferta de serviços.
De acordo com a nova pesquisa da CVA Solutions, obtidos com exclusividade pelo DCI, os super e hipermercados têm perdido espaço entre os consumidores de produtos pet. Em 2014, este tipo de loja era a preferência para 35,2% dos respondentes que tinham cachorro, passando para 30,2% em 2016 e 26,8% em 2018. Entre os donos de gatos, a curva não foi diferente, indo de 44,1% em 2014 para 28,3% em 2018. Ambos atingem em 2018 menos de 30% de participação.
No sentido contrário, os pet shops de bairro estão cada vez mais próximos de atingir 40% de representatividade entre os frequentadores. Entre os respondentes da pesquisa, o local saiu de patamar de 35,1% entre os donos de cão para 37,4% em 2018. Entre quem tem felinos domésticos, o número saltou de 34,2% para 37,1%.
Na explicação do sócio-diretor da CVA Solutions, Sandro Cimatti, além do aumento considerável de pet shops abertos nos últimos anos, sobretudo pelo desemprego o aumento no número de empreendedores, ele destaca que existe uma mudança na cultura do brasileiro. “O animal de estimação passou de companhia para amigo, depois membro da família e agora é considerado um filho. Existe uma ponte entre o sentimento de proximidade e o gasto com cuidado. Você capricha mais no serviço e na marca escolhida”, diz Cimatti.
Segundo a pesquisa, o grupo de respondentes que consideram o animal como um filho chegou a 32,5%, participação 9,8 pontos percentuais (p.p) superior ao visto em 2014. Já quem considera um amigo foi de 18,5% para 15,5%.
“Já que a primeira tendência [de aproximação do animal de estimação e seu dono] já aconteceu, a segunda fase é que as pessoas passem a levar mais ao veterinário e posteriormente comprem mais medicamentos, produtos e serviços de qualidade. O mix de produtos tende a aumentar e isso favorece o canal especializado”, destaca o executivo.
Para que o super e hipermercados consigam competir com o varejo especializado, Cimatti acredita que eles deverão reagir de forma mais rápida à perda de espaço entre os donos de pet, aumentando o mix de produtos, marcas e espaço físico dedicado para este cliente que gasta mensalmente em média R$ 121 em ração para cães e R$ 90 para gatos.
“Eles [super e hipemercados] têm o controle do espaço e da diversificação de produtos, mas não na oferta de serviços. Mesmo assim, podem fazer operações cruzadas ou estabelecer parcerias com veterinários ou empresas com a expertise”, comenta.
Atualmente, a frequência média de visitas ao veterinário no período de 12 meses é de 2,2 vezes tanto entre donos de cães quanto de gatos.
Ainda de acordo com a pesquisa, as mega pet shops também têm ganhado relevância, mas não na mesma proporção, sobretudo pela penetração no País, que é bem mais baixa que as lojas de bairro. Entre os donos de cães e gatos, estas lojas representam 17,6% e 17,5%, respectivamente.
Novos investimentos
Junto com essa busca por um cuidado maior, ele destaca que existe outra tendência que deverá ocorrer de forma paralela: o aumento da busca por plano de saúde animal. Para ele, existe um potencial de demanda grande, tanto pela baixa penetração do produto na população com animal de estimação [que foi de 3,1% em 2016 para 8,7% em 2018], quanto pela demanda reprimida.
Segundo a análise da CVA, quando perguntado aos respondentes o motivo de não ter plano de saúde animal, 31% destaca que desconhecem a existência do serviço e 11,7% aponta que não teve a oportunidade ou não receberam uma oferta de compra.
Na mesma enquete, os 91,3% dos consumidores que não possuíam foram questionados se teriam um plano para o seu animal de estimação se o produto fosse de aproximadamente R$ 80. Nesta questão, 30,2% apontaram que sim e 32,8% não sabe.
Entre as varejistas com maior custo-benefício percebido estão a Pet Camp, que ficou em primeiro lugar, seguido da Cobasi, Petlove, Carrefour, Assai e Petz. Já entre as lojas com maior força da marca estão Cobasi, seguido de Petz, Petlove, Atacadão, Walmart e Extra Hipermercados.
Fonte: DCI