Apesar das dificuldades enfrentadas pelo setor de restaurantes por causa da pandemia, redes mais capitalizadas aproveitam os descontos oferecidos nos aluguéis de lojas de rua e de shopping para ampliar o número de estabelecimentos, ocupando espaço deixado por concorrentes. As companhias relatam que donos de imóveis têm concedido descontos de 50% a 70% nos aluguéis.
O Grupo Madero, que opera 202 restaurantes no país, é um exemplo. O grupo abriu 19 unidades durante a pandemia e tem mais 20 restaurantes para serem abertos, disse Junior Durski, fundador do Grupo Madero.
“A concorrência diminuiu e o preço dos imóveis melhorou. Queremos aproveitar para ocupar esse espaço”, afirmou o empresário. No começo da pandemia, o grupo Madero demitiu 600 pessoas, renegociou descontos nos aluguéis das lojas em até 70%, reduziu o cardápio, tendo como foco o delivery.
“No começo da pandemia, o delivery era 3% da nossa venda, ou mais ou menos R$ 4 milhões por mês. Chegamos a R$ 40 milhões por mês. Hoje o delivery é 20% das vendas, o que dá R$ 26 milhões a R$ 27 milhões por mês”, disse Durski. Ele estima que o delivery vai representar de 15% a 20% das vendas, após a pandemia.
De acordo com Durski, dos 600 funcionários demitidos, 460 foram recontratados. Até o fim do ano, mais 1,8 mil serão contratados. “Hoje temos 7 mil pessoas, vamos fechar o ano com 8.900”, disse o executivo.
O Grupo Alento, dono das redes Billy the Grill, Vizinhando e Naah! Sushi Bar, abre neste ano 15 lojas, a maioria delas voltada para delivery. A companhia possui 60 restaurantes no Rio. Luiz Felipe Costa, presidente do Grupo Alento, disse que o delivery representava 1% das vendas antes da pandemia, mas atualmente representa 15% da receita.
“Fizemos um cardápio enxuto, com porções maiores para a família. Com isso as vendas no delivery aumentaram 140%”, afirmou Costa. O avanço rápido da operação levou o Grupo Alento a criar oito marcas digitais, voltadas exclusivamente para entrega a domicílio – Papah, Godofredo Burger, Dona Poli, Maestria, Seu Risotto, Massa Terapia, Z de Pizza e Seu Loriva. Essas marcas foram reunidas na Cloud Kitchen Brasil, que atualmente conta com quatro lojas, voltadas exclusivamente para o delivery. Até dezembro, serão inauguradas mais 6 unidades. As outras lojas serão das marcas Billy the Grill e Vizinhando.
Costa disse que as vendas da rede Billy The Grill em setembro representaram 92% do faturamento registrado um ano antes. Nas unidades do Vizinhando, o percentual chegou a 87%. Para o ano, o grupo prevê uma queda de 10% no faturamento, ficando entre R$ 85 milhões e R$ 90 milhões.
A International Meal Company Alimentação (IMC) – que controla as redes Frango Assado e Viena, além de operar no Brasil marcas internacionais como KFC, Pizza Hut e Olive Garden – informou esta semana que pretende voltar a abrir lojas neste ano, usando parte dos R$ 372 milhões captados com a emissão de 90,4 milhões de ações em julho.
Em setembro, a IMC contabilizava 232 lojas da Pizza Hut (34 próprias), 93 KFC (sendo 39 próprias) e 25 Frango Assado (19 próprias), totalizando 492 unidades. A companhia não divulgou o número de lojas que pretende abrir, mas, antes da emissão de ações, a companhia previa abrir nos próximos cinco anos 40 lojas por ano de Pizza Hut, 40 lojas por ano do KFC e 3 lojas por ano de Frango Assado. No foco estão lojas menores, com mais foco no delivery e na retirada em loja para consumo em casa.
A rede Domino’s Pizza Brasil, controlada pela Vinci Partners, abriu 23 lojas no primeiro semestre e estima abrir mais cinco lojas até dezembro e de 40 a 50 unidades no ano que vem. O foco está em unidades menores, com autoatendimento e serviço de entrega. A rede informou recentemente que manteve o nível de faturamento na pandemia graças ao delivery. Das 300 lojas, 25 foram fechadas temporariamente. As vendas por meio digital passaram de 30% para 56%.
Fonte: Valor Econômico