O McDonald’s vem obtendo resultados consistentes no Brasil, apesar de também sentir os efeitos da recessão. Calcado no tripé empresa, fornecedores e franqueados, a rede tenta enxergar em meio à crise que oportunidades o momento oferece. “Para que isso funcione, a relação de confiança e transparência entre franquia e franqueado tem que ser plena e rediscutida o tempo todo”, diz Dorival de Oliveira, vice-presidente de franquia do McDonald’s Brasil.
A rede está no país desde 1979 e divide suas operações em quatro regiões, sendo o Estado de São Paulo uma delas. Reúne-se trimestralmente com os franqueados para discutir suas questões. “Todos os diretores regionais participam desses encontros e saem de lá com extensa pauta. Além disso, fazem visitas sistemáticas às lojas”, diz Oliveira.
As dificuldades que mais aparecem no momento referem-se a como cuidar melhor do negócio para torná-lo mais eficiente num momento em que as pessoas estão consumindo menos fora de casa. “Também sentamos com os fornecedores para reduzir custos e ganhar eficiência com a logística. Esses são pontos ainda mais importantes na crise que o país atravessa”, afirma o executivo, que no Brasil possui mais de 200 empresas na sua lista de fornecedores diretos.
Desse total, 60 abastecem a rede com ingredientes para os produtos, enquanto os demais são responsáveis por equipamentos e itens de construção. As lojas se dedicam exclusivamente à tarefa de preparar refeições. A empresa fechou 2015 com resultado financeiro de US$ 1,36 bilhão em vendas no país, 5,1% de alta sobre o ano anterior, e com 883 unidades.
A empresa, que não impõe cotas para as lojas, avalia no momento as necessidades de aprimoramentos das operações. Já os royalties da rede são aplicados sobre o que as lojas vendem. “A parceria entre os envolvidos deve ser constantemente revisada e sofisticada”, conta.
Se o setor de alimentos consegue ser um pouco mais resiliente à crise, o mesmo não acontece com a área de acessórios, que faz parte de um comércio cujas vendas caíram 4,3% em 2015 e 10,3% em janeiro de 2016 comparado com o mesmo período do ano anterior, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A Morana, uma das marcas mais expansivas deste setor, sente esses efeitos e registra queda, em média, de 20% a 30% nas vendas em algumas lojas. Os custos também aumentaram. “Hoje o investimento para se abrir uma loja pequena é de R$ 250 mil. Há quatro anos, era de R$ 90 mil”, calcula Jae Ho Lee, CEO do Grupo Ornatus, detentor das marcas Morana e Balonè.
Mesmo em meio à crise, 45% da rede Morana paga as compras à vista para receber 5% de desconto e a franquia não estabelece cota de compras para as unidades. O ponto crucial é a taxa de royalties, que é de 23% sobre a compra. O que alguns consultores consideram alta.
Além desta taxa há mais 3% que vão para um fundo de propaganda. “Essa taxa, no entanto, é gerida pelo próprio franqueador, por meio de seus representantes, que definem o plano estratégico de marketing”, garante Lee, que planeja reduzir custos este ano por meio de ações que preveem, por exemplo, menor orçamento para propaganda.
“Serão R$ 2 milhões a menos”, afirma. Os materiais das campanhas também serão concentrados em menor número de datas, reduzindo os gastos com logística. A rede que faturou R$ 220 milhões em 2015, com crescimento de 5% na receita se considerar a abertura de unidades novas. “Mas se avaliarmos a mesma base do ano anterior, o encolhimento foi de 8%”, admite Lee.
A Morana possui hoje 280 lojas em todo o país. Apesar de ter registrado o fechamento de 18 unidades no ano passado, contou com a abertura de outras 36. “Entramos mais preparados em 2016 e apesar da crise estamos fazendo a lição de casa e devemos sofrer menos”, diz Lee.
Ainda para driblar as dificuldades do mercado interno, a Morana vem acelerando um plano que começou em 2007 de internacionalização de sua marca. E já possui sete unidades fora do país, duas em Portugal, quatro nos Estados Unidos e uma na Espanha. Para este ano, pretendem abrir mais uma loja em Miami.