De 2017 para cá, as farmácias baseadas nos sete estados da região registraram 59,6% de evolução acumulada no faturamento – de R$ 5,13 bilhões para R$ 8,17 bilhões
Por Redação
As farmácias do Norte fazem da região uma das líderes em crescimento no varejo nacional. Mas apesar de estar no radar de companhias oriundas de outros estados, são as redes com DNA local que vêm sustentando esse avanço, segundo a mais nova radiografia regional do Panorama Farmacêutico.
De 2017 para cá, as farmácias baseadas nos sete estados da região registraram 59,6% de evolução acumulada no faturamento – de R$ 5,13 bilhões para R$ 8,17 bilhões. Mas o maior incremento ocorreu mesmo durante a pandemia. Nos últimos dois anos, a alta foi de 40,9%.
“O crescimento das farmácias do Norte está fortemente associado aos efeitos da Covid-19. Tanto que, no último mês de dezembro, com a explosão de casos decorrentes da variante ômicron, o avanço foi de 23,74% em relação ao mesmo período de 2020. A saturação de outros mercados mais tradicionais, como Sudeste e Nordeste, ajuda também a explicar os resultados”, contextualiza Paulo Paiva, vice-presidente Latam da Close-Up International.
Domínio das redes de farmácias do Norte em queda
Embora ainda representem 43% do faturamento do canal farma local, as redes vêm perdendo share desde 2017, quando ostentavam uma representatividade de 52%. Um sinal claro da dificuldade que grandes grupos encontram para fincar bandeira no Norte do país.
As farmácias independentes, que respondiam por 41% do volume de negócios há cinco anos, tiveram uma queda bem discreta e passaram a totalizar 37% do mercado. E parte desses PDVs encontrou uma saída promissora ao aderirem ao modelo de franquia e associativismo – cujo share saltou de 7% para 19%.
Conhecimento das peculiaridades da região
Duas das maiores redes de farmácias do país vêm mirando o crescimento local, mas os números seguem tímidos. A RaiaDrogasil fez do Norte um dos alvos da expansão no ano passado, com a abertura de lojas em Boa Vista (RR), Macapá (AP) e Rio Branco (AC) marcando a chegada da rede a 100% dos estados brasileiros. A participação da região na receita do grupo, no entanto, subiu apenas 0,6 pontos percentuais em um ano – de 5,1% para 5,7%.
No caso da Pague Menos, o share regional teve uma ligeira redução de 10% para 9,7%. A empresa aposta fichas na concretização da compra da Extrafarma para alavancar operações especialmente no Pará – estado que soma 44% do faturamento do setor farmacêutico na Região Norte.
Já o Grupo Tapajós, fundado no Amazonas e com 125 farmácias distribuídas pelo seu estado natal e também por Pará, Rondônia e Roraima, coleciona indicadores ascendentes. Em 2020, atingiu o primeiro bilhão de faturamento e passou a integrar o seleto grupo de 15 varejistas do canal farma com essa receita. Chegou também à 10ª posição em faturamento por loja, segundo a Abrafarma.
De olho nesses números potenciais, a companhia desembarcou em São Paulo em março deste ano com a missão de movimentar R$ 1 bilhão em ações de trade marketing com a indústria. Dias depois, já voltava com R$ 10 milhões na bagagem.
“Estamos em um esforço coordenado desde antes da pandemia, com a meta de transformar a farmácia em um grande ecossistema de serviços de saúde, capaz de transformar a jornada de consumo. E o fato de uma rede genuína estar liderando esse movimento se torna um diferencial competitivo”, avalia Fernando Ferreira, diretor comercial, de marketing e consumer experience. Para o executivo, a operação de atacado farmacêutico alicerça os resultados do varejo, tanto que a Distribuidora Tapajós cresceu 32% no ano passado.
Na Bemol, rede de lojas de departamentos que estreou no canal farma em 2016, o volume de negócios aumentou 60% no ano passado na comparação com 2020. O grupo tem 38 unidades na região e vem focando a estratégia de expansão na ampliação do rol de serviços.
A demanda gerada pela Covid-19 resultou em cerca de 35 mil testes rápidos realizados, o dobro do resultado de 2020. A Bemol também investiu recursos no desenvolvimento de marcas próprias como a de vitamina C. Em 2022, a meta é ter mais 60 produtos exclusivos.
No radar da indústria
O desenvolvimento do mercado farmacêutico na região desperta ainda a cobiça de indústrias tradicionais a novatas. Com investimento aproximado de R$ 50 milhões, a EMS incorporou neste mês a fábrica da Novamed em Manaus (AM). A planta, um dos cinco maiores complexos de produção de medicamentos sólidos do mundo, terá capacidade ampliada em 20% – para 1,4 bilhão de comprimidos por mês.
A Equilíbrio Vita, especializada em suplementos vitamínicos e com presença em 8 mil PDVs de cinco estados do Centro-Oeste e do Sudeste, deu início à prospecção de representantes para comercializar seu portfólio no Norte do país.
“Buscamos um perfil agressivo, com parceiros que tenham influência nas distribuidoras e redes de farmácias, e sobressaiam pela autogerência e capacidade de gerir conflitos. Formando uma rede consistente de relacionamento com o atacado e varejistas do setor, o sucesso é garantido devido às altas concentrações de ativos e qualidade dos produtos”, observa o gestor comercial Reinaldo Ambrosano.
Fonte: Panorama Farmacêutico