A Alimentos Zaeli iniciou suas atividades em Umuarama (PR), 48 anos atrás, como uma pequena processadora e vendedora de arroz. Ao longo desse período, tornou-se uma indústria com mais de 350 produtos comercializados em 40 mil pontos de venda no interior do País, notadamente no Sul e Nordeste. Agora, dá um passo para expandir sua atuação além dessas regiões e inicia um trabalho para conquistar uma fatia do mercado da Grande São Paulo.
Sem estar presente nas gôndolas das grandes redes varejistas de âmbito nacional, o meio encontrado pela empresa para penetrar nessa região de 20 milhões de habitantes foi entrar no segmento de franquias. “Foi a forma mais fácil que encontramos. Entrarmos na GSP pelo varejo, seria muito complicado. Nossa intenção é termos 100 lojas de franqueados – não mais que isso. Assim, seriam cerca de 200 mil habitantes por loja”, conta Valdemir Zago, presidente da empresa e um dos oito filhos do fundador, Elídio Zago.
“Um depósito em Sorocaba vai abastecer os franqueados todos os dias, se for preciso.” O executivo reconhece que, para competir com os grandes players, o preços dos produtos terá de ser competitivo. “Como somos indústria, temos condições de fazer preço compensador.”
Para se candidatar a ser um franqueado da Zaeli, é preciso ter um imóvel comercial na região e vontade de empreender. Não há taxa de franquia nem royalty. “Só tem de ter o ponto e adequá-lo ao nosso layout.”
O franqueado também não vai pagar antecipadamente pelos produtos. “Não precisa comprar estoque. Vamos abastecer a loja e na venda dos produtos ele vai nos pagando e vamos repondo a mercadoria.”
O chamariz da Zaeli para convencer eventuais interessados é dizer que o negócio vai render mais do que viver do aluguel do imóvel. A companhia calcula que as 100 lojas venham a gerar em torno de R$ 10 milhões no primeiro ano de atividades, movimentando cerca de 3 mil toneladas de produtos.
“No interior de São Paulo, estamos avançando com vendas (representantes comerciais) como fazemos em todos os outros lugares.” O plano é que o número de representantes suba de um para três no Estado.
Para chegar ao quadro atual, a empresa enfrentou muitas dificuldades. “Mas nunca chegamos a pedir recuperação judicial”, salienta Zago. Sofreu abalos com os planos econômicos de governos passados e desvalorização cambial. Em alguns casos, por exemplo, a companhia foi obrigada a renegociar prazos mais extensos com fornecedor prazos mais extensos de pagamento, por exemplo. Mas também soube aproveitar as dificuldades para dar a volta por cima. Em1990/91, houve falta de feijão no mercado brasileiro. A saída foi importar o produto do México. No entanto, questões burocráticas naquele país e outros imprevistos acabaram atrasando tanto o envio para o Brasil que quando o embarque ocorreu, o feijão já estava sendo produzido por aqui.
O presidente da empresa, então, tomou a decisão de desviar o carregamento para Recife e vender o produto no Nordeste. Foi assim que a Zaeli começou a conquistar mercado na região. Naquele ano, a companhia adquiriu um engenho de arroz e um imóvel de 200 m², passou a comprar o grão de intermediários, prepará-lo para o consumidor.
Em 1982, aumentou seu portfólio e passou a industrializar produtos derivados do milho. Também adquiriu caminhões para o transporte de alimentos – até hoje mantém frota própria.
Em 1984, a família inaugurou filial em São Borja (RS) e trocou o nome de Zago e Cia. para Alimentos Zaeli, palavra formada pelas primeiras sílabas do sobrenome e nome do fundador. Em 1988, inaugurou nova unidade para paraboilização do arroz, moagem de milho, seleção de feijão e amendoim, industrialização de chocolate em pó, além de processar e envasar azeitonas. Hoje, são cerca de 700 funcionários e 250 representantes comerciais em 13 pontos de distribuição pelo País.
Fonte: Estadão