Por Adriana Mattos | O grupo Dia informou internamente, na manhã desta sexta-feira (1º), mudanças na linha de frente no país, apurou o Valor. O presidente atual, Márcio Barros, está deixando o cargo e Sébastian Durchon passa a ser o novo CEO, seis meses depois de ocupar a função de diretor financeiro na rede.
“Somos profundamente gratos por Durchon aceitar esse desafio”, diz o comunicado interno do grupo.
Durchon foi diretor financeiro do Carrefour de 2014 a 2021 e responsável pela área de integração de negócios de 2021 a 2022, incluindo a fase inicial da fusão do grupo com o Big.
Segundo fonte a par do assunto na matriz espanhola, a ideia é buscar uma virada nos resultados da rede no Brasil. Caso propostas de compra da operação avancem, o plano de venda permanece no radar, acrescenta a fonte.
“Sébastian é financeiro, mas tem uma cabeça também de operacional, e entende muito mais do dia a dia do que muito CEO de varejo”, diz uma pessoa próxima ao executivo.
Se a busca por interessados no negócio — que vem sendo conduzida pela assessoria da Lazard desde 2023 — continuar sem maiores avanços, Durchon deve permanecer na função, caso os resultados comecem a aparecer. A forte deterioração nos números e o fato de 30% das lojas de supermercados serem franquias, negócio sem muitos interessados entre as grandes redes desse setor, traz dificuldades para a negociação, como informou o Valor na edição de hoje.
Sobre Márcio Barros, o executivo foi presidente-executivo do Dia por pouco mais de dois anos, mas houve dificuldade em reverter a perda no período, e isto é parte do plano de venda da operação local, na tentativa de buscar um comprador com melhor situação operacional e financeira.
No comunicado interno, a empresa informa que Barros irá para novos “projetos profissionais”.
Em 2023, o Dia precisou fazer um “impairment” em sua operação no país de 60 milhões de euros (mais de R$ 350 milhões), relativo a uma deterioração no valor dos ativos. Essa perda contribuiu para o prejuízo da empresa no mundo em 2023.
As empresas precisam reavaliar os ativos intangíveis a cada ano, entre eles o ágio pago em aquisições pela expectativa de rentabilidade futura. Quando não há mais previsão para o retorno daquele ativo, é feita uma redução ao valor recuperável, o chamado “impairment”. Períodos de venda do negócio ou saída do investimento são ocasiões em que essa baixa costuma ser realizada.
A empresa tinha 590 lojas em dezembro no Brasil e fechou 18 pontos em 2023.
Procurada, a rede ainda não se manifestou.
Fonte: Valor Econômico