Além de realizar trabalho social, o Pague Menos, do interior paulista, também conta com profissionais mais comprometidos
Milhares de haitianos estão refugiados no Brasil. Estimativas apontam que em 2014 havia 50 mil. Essa migração, ainda em curso, ocorre desde 2010, quando um terremoto atingiu o Haiti e provocou consequências sociais e econômicas no país. Sem conhecimento do idioma, boa parte desses imigrantes não consegue encontrar emprego por aqui. Sensibilizadas, algumas empresas têm ajudado. Caso do Pague Menos, de Nova Odessa (SP), que oferece trabalho e assistência social.
A ideia partiu de Daniela Scalfi Fernandes, diretora administrativo-financeira da rede, com 23 lojas. Valdir Cruz, gerente de logística, é o responsável por garantir que tudo funcione. Segundo ele, a iniciativa tem foco social, mas a empresa também sai ganhando, pois, desde então, vagas operacionais são preenchidas mais rapidamente. Além disso, Cruz descobriu nos haitianos funcionários comprometidos e produtivos. Um deles já foi promovido.
Outra vantagem é o fato de a ação favorecer a imagem da rede. Os clientes elogiam e não há rejeição por parte dos demais funcionários. O primeiro grupo de refugiados chegou ao Pague Menos há quatro anos. De doze, cinco ainda estão ativos e os demais, com o incentivo da varejista, conquistaram melhores posições no mercado. De acordo com Cruz, as vagas são anunciadas e a contratação é em regime CLT. Como os haitianos tiram RG e CPF assim que chegam ao País, não há problemas nesse processo. De início, a preferência é que eles exerçam funções de retaguarda por conta do idioma. Um professor de língua portuguesa chegou a ser contratado, mas hoje os haitianos mais antigos na empresa ensinam os recém-chegados. A equipe de RH aprendeu francês, crioulo e espanhol para integrar e treinar os refugiados. No início, a varejista ainda os ajudou a pagar aluguel e alimentação. No total, quase 60 haitianos já foram contratados. Atualmente, há 11. Com faturamento de R$ 1,3 bilhão, o Pague Menos deve inaugurar três lojas este ano e isso pode significar a contratação de mais imigrantes.