Rede de farmácias monta um plano estratégico para ganhar novos mercados e usará o modelo da Farmasil para competir com gigantes como a Pague Menos, atualmente líder no mercado nortista
Com uma visão a longo prazo, a rede de drogarias RaiaDrogasil pretende acelerar a alavancagem de suas vendas por meio de forte expansão na Região Norte do Brasil e ampliação do portfólio de produtos voltados para população de baixa renda.
“Temos mais de 200 lojas nas Regiões Norte e Nordeste do País. Se olharmos para o Pará, já temos 15 lojas em seis cidades. Ao final de 2018, devemos chegar a 20 unidades e, para o ano que vem, esse número deve chegar a mais de 30 negócios”, argumentou o diretor de planejamento da RaiaDrogasil, Eugênio de Zagottis.
Na mesma linha, o diretor-presidente da rede, Marcilio D’Amico Pousada, diz que a rede adaptou a bandeira Farmasil para acompanhar esse crescimento. “Temos uma grande oportunidade. Percebemos que formatos como o da Farmasil precisavam de um upgrade e resolvemos trazer marcas como Drogasil e Raia para atender essas classes, com foco nos produtos genérico e num modelo de loja mais promocional”, afirmou.
O executivo ressalta que o foco em ações promocionais e política agressiva de preços baixos exigirá disciplina de gestão para buscar um retorno forte de ganhos de marketshare da companhia no ano que vem. De acordo com o relatório da rede, o negócio como um todo atingiu participação de 12% no setor – após um incremento de 0,3 p.p. no terceiro trimestre de 2018, “em um cenário de competição acirrada.”
Por meio de teleconferência realizada ontem (31), a varejista divulgou seus principais resultados operacionais no terceiro trimestre de 2018. Entre os destaques, está a abertura de 64 novas lojas no território nacional e retração de 0,05 ponto percentual (p.p.) no lucro líquido do terceiro trimestre de 2018 ante o mesmo período do ano anterior – chegando a R$ 131,1 milhões.
Segundo o balanço, os ganhos foram afetados, em parte, por R$ 3,5 milhões em despesas classificadas como não recorrentes, as quais incluem consultorias de planejamento estratégico (R$ 2,2 milhões).
No balanço, a companhia destaca que o “investimento significativo em genéricos mais baratos e maiores descontos, o que está resultando em um forte crescimento de volumes em que defendemos a margem bruta”. A título de comparação, no terceiro trimestre de 2018, a margem bruta caiu 0,2 p.p. sobre um ano – para R$ 1,1 bilhão. “Esse trimestre foi particularmente desafiador impactado pela forte base de comparação do ano passado”, afirmou Zagottis.
Embora a rede tenha sentido os primeiros efeitos do novo posicionamento, o executivo defende os resultados positivos dessa política no horizonte de longo prazo. “Não vemos uma pressão de margem bruta nos genéricos. Conseguimos melhores negociações com fornecedores e preservaremos a margem com uma visão de longo prazo. Reinvestimos os ganhos com o autosserviço no projeto de pricing”, disse Zagottis, destacando o fato de que tais ações promoverão maiores níveis de competitividade e ciclos de crescimento ao negócio.
Além disso, o executivo declarou perceber “um crescimento de marcas populares” que antes não faziam parte do sortimento. Essa linha de produtos, ainda de acordo com ele, vem ganhando muita força e pode estar vinculada ainda aos efeitos de uma crise econômica prolongada no Brasil.
Janela de oportunidadePara a especialista em varejo farmacêutico Silvia Osso, a estratégia de expansão para as Regiões Norte e Nordeste do País pode ser um trunfo para a companhia, tendo em vista que não há variedade de grandes players nesses locais. “Há quatro anos, a única grande rede presente era a Pague Menos. Agora vemos mais concorrência”, afirmou Silvia.
Para a consultora, com a atuação nesses locais, a RaiaDrogasil pode se destacar e conquistar mais consumidores pelo seu nível de profissionalização e eficiência no autosserviço e atendimentos. “O grau de organização das lojas da Drogasil e Droga Raia é o mesmo em todas as unidades de negócio, desde lojas em bairros nobres até as operações no norte do Brasil”, disse ela.
Sobre as dificuldades na logística em regiões mais remotas, Silvia lembrou que a rede pretende abrir dois centros de distribuição no nordeste para garantir o abastecimento. Além disso, ela menciona a parceria com grandes distribuidores regionais como outra opção de fornecimento eficaz.
Fonte: DCI