Diante de um mercado mais competitivo e pulverizado, a Raia Drogasil redesenha gradualmente sua estratégia comercial para além do foco tradicional em grandes centros urbanos e classes sociais A e B. Para 2019, a rede farmacêutica deve ampliar o mix de produtos genéricos e acelerar ações de transformação digital.
“Em 2018, enfrentamos um ambiente desafiador em termos de concorrência. No entanto, conseguimos ganhos significativos em termos de receita de market share investindo em genéricos. Essa categoria atingiu outro patamar dentro do nosso mix de produtos, o que nos permite competir com mais força no futuro”, explicou o presidente da rede farmacêutica por meio de teleconferência ao mercado, Marcilio Pousada.
De acordo com o executivo, um dos focos do negócios para o ano será “alavancar o driver popular” mantendo o ritmo de abertura de lojas nas Regiões Norte e Nordeste, ampliando o caráter de autosserviço das operações e investindo em iniciativas voltadas para o omnichannel. “Percebemos que os clientes que tradicionalmente compram pela internet apresentem maior maturidade e são mais fiéis ao negócio. Dessa forma, vemos o celular como uma base para construir uma relação sólida com o consumidor”, afirmou Pousada, destacando também que esse movimento envolverá o investimento em um processo de análise de dados mais apurado.
Na divulgação de resultados trimestrais, a rede farmacêutica anunciou a aquisição de outro player do mercado, a Onofre. Para Pousada, a aquisição – que não teve seus valores divulgados e ainda precisará ser aprovada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) – foi considerada como oportunidade de acelerar a transformação digital da empresa. Segundo ele, cerca de 45% da receita bruta da Onofre é proveniente do e-commerce.
“As unidades da Onofre estão em bons pontos comerciais. Vemos nesse sentido uma oportunidade de negócio para juntar a escala de compra da Raia Drogasil e unificar dos centros de distribuição”, declarou o executivo.
Na mesma perspectiva de raciocínio, o economista da Ativa investimentos Philipe Aguiar, diz que o posicionamento estratégico da rede farmacêutica é resultado direto do acirramento do mercado. “O setor do varejo farmacêutico é um dos mais pulverizados e competitivos, e isso vem se intensificando nos últimos anos. No caso da Raia Drogasil, a aquisição da Onofre veio como uma oportunidade de ampliar o segmento de atuação e utilizando o forte desenvolvimento no e-commerce em outras regiões”, argumentou Aguiar.
Ainda de acordo com ele, os benefícios com a aquisição serão observados nas duas pontas: o consumidor terá mais conveniência e enfrentará menos atrito na hora de realizar uma compra online, e os custos operacionais da Raia Drogasil devem diminuir. “Além disso, a iniciativa deve impactar também a concorrência com as redes que tem atuação regional no Norte e Nordeste do País”, complementou ele.
Balanço consolidado
No relatório sobre o desempenho durante o ano de 2018, a Raia Drogasil divulgou incremento de 7% no lucro líquido em relação ao ano anterior – chegando a R$ 548,6 milhões. No que diz respeito ao ganho de market share, houve avanço de 0,9 ponto percentual (p.p.) no período, resultando em uma participação total de 12,9%. “Uma das nossas conquistas foi o recorde de ganho de market share”, comentou o presidente da rede.
De acordo com ele, a empresa deve manter o ritmo de abertura de lojas registrado no ano passado, com 240 novas operações em 2019. Além disso, a meta da rede é atingir 2 milhões de clientes ativos na multicanalidade até o final do ano – no final de 2018, esse contingente estava em torno de 400 mil consumidores.
Já em relação ao Ebitda (lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortizações) da varejista, houve incremento de 5,7% no período – chegando a R$ 1,1 bilhão.
Como destaque negativo, está o fluxo de caixa da empresa, o qual apresentou saldo negativo em torno de R$ 139 milhões no ano passado
Fonte: DCI