Para o comando, os reajustes anuais de medicamentos praticados pela Anvisa tendem a favorecer uma maior diluição de despesas
Por Adriana Mattos
A RD, formada pela Raia e pela Drogasil, informou, em teleconferência a analistas, que ainda deve existir uma maior pressão inflacionária no primeiro trimestre, o que tende a afetar mais despesas — como já vem ocorrendo desde o segundo semestre do ano passado —, mas que isso deve perder força após o segundo trimestre.
Inflação tende a aumentar mais o custo de serviços e mercadorias compradas pelas redes.
Para o comando, ainda a partir de abril, os reajustes anuais de medicamentos praticados pela Anvisa tendem a favorecer uma maior diluição de despesas (há aumentos em certos custos no braço on-line), o que pode ter um impacto positivo ao longo do ano.
“O segundo trimestre terá reajuste de medicamentos que vai ajudar diluir despesas, e podemos até ter alguma margem um pouquinho melhor dependendo de como isso evoluir”, disse Eugênio de Zagottis, vice presidente de relações com investidores.
A empresa teve uma margem bruta de 28,5% de outubro a dezembro, versus 27,8% um ano antes.
Ainda apurou uma margem de lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação (Ebitda, da sigla e inglês) ajustada de 6,5% no trimestre, uma contração de 0,8 ponto percentual em relação ao mesmo período do ano anterior. A margem de contribuição de um novo modelo de farmácia da rede, focado em serviços, contraiu em 0,2 ponto percentual, enquanto as despesas pressionaram o resultado em 0,5 ponto percentual.
“O Ebitda ainda é afetado por despesa no digital que, ‘nem de perto se paga’”, disse ele.
A empresa vem informando há alguns trimestres que esse cenário reflete a construção de um modelo novo voltado ao negócio de bem-estar e focado em serviços e no digital.
Em 2021, foram um total de 240 novas lojas abertas, encerrando o ano com 2.490 unidades em operação, e está mantida a projeção, já anunciada, de 260 inaugurações neste ano. Apesar de todas esses pressões mencionadas na segunda metade de 2021, o executivo disse que o ano foi “fantástico, com ganho de receita e de mercado”.
O grupo encerrou o ano com receita bruta de R$ 25,6 bilhões, crescimento de 20,9%. Unidades com mais de um ano avançaram 15,3%. De outubro a dezembro, a receita bruta avançou 16,7%, para R$ 6,8 bilhões.
A receita dos canais digitais totalizou R$ 2,1 bilhões no ano (R$ 596 milhões no trimestre), atingindo no quarto trimestre uma penetração de 9,2%.
As inaugurações avançaram para novas regiões, e a cidade de São Paulo, um dos centros de abertura no passado, respondeu por só 5% da expansão.
O lucro líquido (não ajustado) foi de R$ 187,1 milhões de outubro a dezembro, recuo de 5,7%. Aumento em despesas financeiras afetaram a última linha no trimestre. No ano, subiu quase 41%, para R$ 815,1 milhões.
Em 2021, houve um fluxo de caixa livre negativo de R$ 26,3 milhões e um consumo total de caixa de R$ 573,4 milhões.
“Em que pese a pressão de ciclo de caixa verificada em função da base de comparação e do incremento no investimento no ano, o forte desempenho operacional fez com que o fluxo de caixa livre se aproximasse da neutralidade no fim do ano”, disse o executivo.
Fonte: Valor Econômico