Baixar um app é tão fácil quanto apagá-lo. Como não se pode testar um aplicativo antes do download, muita gente instala, experimenta e, logo em seguida, desinstala, às vezes porque não gostou, outras porque não entendeu como funciona. O problema é que muitos desses downloads são pagos pelos desenvolvedores, que contratam redes de publicidade móvel para promoverem seus apps, remunerando-as pela quantidade de instalações, o chamado CPI (custo por instalação). Uma alternativa para conquistar usuários mais engajados pode ser a realização de campanhas de “app experience”, que consiste na realização de demonstrações ao vivo para ensinar as pessoas a usarem apps específicos. Essa é a proposta da start-up brasileira Twizer, que quer montar quiosques de app experience em shoppings e aeroportos do Brasil ao longo deste ano.
“Tem muita aquisição (de usuário) barata que acaba saindo cara. A pessoa baixa e não engaja, não utiliza. Os apps precisam vir para o mundo físico. Precisam se relacionar com seus usuários além do mundo digital”, sugere Gilberto Lopes, co-fundador da Twizer.
A ideia de criar essa start-up veio da experiência dos seus sócios em outra empresa, a Cuattro Marketing, que é especializada na terceirização de promotores de venda dentro de lojas, atendendo há mais de dez anos marcas variadas, como LG, Sony e Vivo. “Para vender uma smart tv levo 50 minutos demonstrando. É uma venda consultiva complexa. E aí percebemos que ninguém faz isso para apps. Viajamos para São Francisco, Nova Déli e outros pólos de tecnologia para pesquisar e concluímos que não há ninguém atuando dessa maneira. Somos a primeira empresa de app experience do mundo”, afirma.
O primeiro quiosque da Twizer foi montado no shopping Iguatemi, em São Paulo, para promover diversos apps, como 99Taxis, AirBNB, Clickbus, Handstalk, Nike+, Spotify, dentre outros. Foram contratados cinco promotores especializados em tecnologia móvel para fazerem demonstrações dos apps aos visitantes do quiosque, que disponibilizava smartphones Android para os testes. Os promotores ensinavam como baixar e como utilizar cada um dos apps expostos. Na opinião de Lopes, a demonstração presencial é muito mais eficiente que um tutorial frio dentro do app. Muita gente, especialmente os mais velhos, se sentem mais à vontade para tirar dúvidas. E até mesmo usuários experientes se surpreenderam ao aprender ferramentas novas com os promotores da Twizer, conhecidos como “twizers”.
Ao longo dos dois meses em que o quiosque esteve montado, entre dezembro e fevereiro, foram contabilizados 36 mil visitantes e 12,6 mil instalações de apps. Como se tratava ainda de um teste, nenhum dos desenvolvedores pagou pela exposição: o custo foi todo arcado pela Twizer. Novos quiosques devem ser montados no segundo semestre em outros locais de grande movimentação de pessoas. A ideia é ter em média 15 apps promovidos em cada.
Modelo de negócios
“O quiosque físico não entrega simplesmente uma instalação, mas um conjunto de ações de marketing. Entrega mídia, branding da marca e app experience. A instalação é uma consequência. Meu desafio é explicar isso”, diz Lopes. Convencer os desenvolvedores a pagarem por esse tipo de ação de marketing é uma tarefa difícil em um mundo em que os anunciantes estão acostumados a comprar mídia em canais ultra-segmentados e pagar por resultados mensuráveis. “Nossa proposta é disruptiva, mas talvez tenhamos trazido antes da hora. Temos dificuldade de fazer os desenvolvedores comprarem a ideia”, comenta.
A argumentação de Lopes é que o usuário conquistado pelo Twizer tende a ser muito mais engajado que a média. Para provar isso, será feita uma parceria com o 99Taxis para acompanhar o comportamento de quem baixar o app pelo quiosque. A ideia é tentar comprovar a teoria de que esses usuários acessam mais o aplicativo porque o baixaram após uma venda consultiva, de maior qualidade, e, com isso, convencer outros desenvolvedores a investirem no conceito de app experience.
Além dos quiosques, a Twizer existe como um site e como um app (Android, iOS) de recomendação de outros aplicativos. São escritas resenhas com dicas de apps e ensinando como usá-los, sempre com um link para o download ao fim. Neste caso, a empresa comercializa por CPI para os apps que queiram pagar para serem recomendados.