O segmento de serviços financeiros conseguiu compensar o desempenho mais fraco do varejo, que enfrentou uma base de comparação mais difícil
Por Raquel Brandão
A varejista de materiais de construção e artigos para o lar Quero Quero viu o ambiente macroeconômico afetar seus negócios no segundo trimestre de 2022.
“Nunca tínhamos passado por juros altos e inflação alta, ambos nos afetam. Juros no crédito e inflação na demanda do nosso público consumidor da classe C e D”, afirmou o presidente da Quero Quero, Peter Furukawa.
De acordo com Jean Pablo de Mello, diretor financeiro da companhia, em termos de receita, o segmento de serviços financeiros conseguiu compensar o desempenho mais fraco do varejo, que enfrentou uma base de comparação mais difícil. Além de um segundo trimestre de 2021 mais forte, as vendas do varejo de abril a junho de 2022 também tiveram impacto de um ambiente mais competitivo e promocional.
Em julho, disse o diretor, as vendas devem ter um desempenho similar ao do segundo trimestre quando comparadas com 2019. As vendas em mesmas lojas cresceram 65% no segundo trimestre de 2022 nessa base de comparação.
Mas o cenário de juros mais altos torna a captação de créditos mais cara e afeta os serviços financeiros. Mello destaca que o nível de inadimplência segue alinhado com 2019, embora o ambiente macro esteja mais deteriorado do que naquele ano. Também afirma que a companhia adotou uma postura mais conservadora na concessão de financiamento.
“Fizemos melhorias que envolvem tanto a modelagem de concessão de crédito quanto a de cobrança. Nos preparamos para um momento difícil, não acredito que teremos que segurar mais a concessão”, disse, destacando que o nível de crescimento da carteira no segundo semestre vai depender do aumento do varejo, o que a empresa espera acontecer. No segundo trimestre, a carteira de crédito foi puxada especialmente pela penetração maior do cartão de crédito com bandeira própria.
Ele também espera que haja, sim, alguma melhora na margem dos serviços financeiros ao fim do segundo semestre. “Tivemos um giro na carteira de crédito e uma melhor sequencial nas margens versus o primeiro trimestre. Aumento do custo de captação leva, sim, a impactos na margem. O que devemos ver a partir de agora? Há uma sazonalidade [nas operações]. A carteira está normalizada, mas a margem deve flutuar por questões sazonais. Trimestres com inadimplência menor devem, sim, beneficiar as margens”, afirmou.
Fonte: Valor Econômico