Com o aumento da profissionalização entre as franqueadoras, a tendência é que o número de unidades deixe de ser um sinal de excelência. O estudo “as 50 maiores franquias com até 50 unidades” – que compara os negócios em processo de expansão, com os maiores do setor – aponta que no quesito de busca por qualificação os grupos se parecem.
De acordo com o levantamento, atualmente existem cerca de 2,43 mil marcas no País com até 50 unidades. Assim como as maiores do mercado, as empresas que compõem o estudo mostram um bom grau de certificação e uma proporção maior entre marcas nacionais.
Segundo o estudo, cerca de 66,7% das empresas possuem algum tipo de certificação, enquanto no grupo com até 50 unidades ele destaca que o percentual cai pela metade. “Mesmo assim não é um número pequeno, porque mostra que a empresa tem uma série de padrões pré-estabelecidos. As 50 maiores têm mais tempo de mercado e um grau de competitividade maior, mas este tende a ser um caminho para as com até 50”, destaca o consultor de franchising e diretor do Instituto Sorridents, Claudio Tieghi.
De acordo com o executivo, outro padrão que se repete é a proporção de empresas que são nacionais (88%). “Quando uma franquia nasce no Brasil ela tem um maior entendimento do mercado e isso contribui para o crescimento ”, explica. Entre os principais desafios da operação brasileira, o executivo cita o sistema tributário, que varia muitas vezes de região para região, e o funcionamento da cadeia de logística e suprimentos.
Uma questão que difere na comparação, de acordo com o estudo, são os segmentos. Enquanto as 50 maiores franquias do País apresentam uma maior concentração – ficando com 34% das marcas na área de alimentação, seguido de serviços educacionais (18%); saúde, beleza e bem-estar (16%) e moda (14%) – no caso das empresas com até 50 unidades, existe mais pulverização. Além das observadas nos líderes do mercado, também são encontradas muitas marcas de serviços, como as atividades automotivas, hotelaria e turismo; casa e construção; e entretenimento e lazer.
Para o consultor, a tendência é que a participação das marcas relacionadas à prestação de serviços aumente e fique cada vez mais segmentado e personalizado. “Houve um aumento da demanda com a ascensão da classe C e um crescimento da oferta nos últimos anos”, explica.
De acordo com ele, a tendência é que este cenário beneficie o setor de franchising, uma vez que com o aumento da concorrência, os profissionais deverão se organizar e buscar marcas e empresas com referência no mercado.
Caminhos
Segundo Tieghi, alguns fatores que as empresas analisadas deverão aperfeiçoar para superar a barreira das 50 unidades está o aperfeiçoamento de seu processo e seleção. “As grandes já entenderam e nem todas as de menor porte conseguiram estruturar seus processos”, coloca. O consultor explica que ao chegar nas 50 unidades, as empresas já começam a ter um histórico suficiente para identificar quem deu certo e quem deu errado e afunilar as suas metodologias.
“Além disso, precisa chegar nesta etapa com maturidade suficiente para encolher se necessário”, complementa. De acordo com ele, na busca por crescer de forma mais acelerada, muitas franquias acabam mantendo franqueados desanimados ou com um perfil “desalinhado” com a franquia. Segundo ele, o quanto antes o franqueador conseguir estabelecer o seus critérios, mais sustentável será o crescimento.
Além de maior garantia de sucesso do negócio, alinhar o perfil ajuda a crescer com colaboração. “Em muitos casos, um franqueado master chega a faturar mais que a franqueadora e, ao ficar mais poderoso, a franqueadora pode temer perder o controle. Tem que ter maturidade de crescer e de manter a coordenação, afinal ela tem o conhecimento do negócio”, enfatiza.
Outra questão que pode ajudar é diversificar seus canais de venda, criando estruturas (quiosques, foodtrucks, lojas e outros). “Se você engessar muito a operação acaba perdendo espaço para a concorrência que estiver crescendo em vários modelos”, diz.
Já no caso de quem está iniciando alguns fatores que podem ajudar, de acordo com ele, é abrir o modelo após três anos de experiência com um número de unidades próprias que varie de três a cinco. “Existe quem tenha sucesso franqueando do zero, mas é muito mais difícil”, expõe. Para ele, possuir uma estrutura antes de se tornar uma franquia ajuda a estabelecer a marca no mercado e a aperfeiçoar o modelo do negócio antes de replicá-lo.
Outro cuidado que as menores devem ter é na hora de fazer uma expansão nacional, que segundo ele, exige uma estrutura maior e pode descentralizar a marca.
Fonte: DCI