Possível venda da estatal pode dificultar logística do e-commerce no interior, mas também pode agilizar entregas e aumentar concorrência
Por Redação
A possível privatização dos Correios pode trazer dificuldades à operação logística de empresas do e-commerce, devido ao atendimento a cidades interioranas, mas também pode agilizar as entregas. Para entender os impactos do projeto, que já foi aprovado na Câmara dos Deputados e passará pelo Senado, o Jornal Giro News entrevistou a Intelipost, plataforma de gestão de fretes, e o Magis5, hub de integração para vendas em marketplaces. “Existem dois fatores na privatização. Ela pode ser benéfica, dependendo de como for conduzida. Se acontecer de forma organizada, a tendência é melhorar o serviço, tornando-o mais ágil e competitivo. Porém, se ela cair na mão de uma empresa de e-commerce como a Amazon, pode ser uma barreira de entrada de outros e-commerces”, analisa Cláudio Dias, COO e sócio fundador do Magis5.
Desafios Futuros
Há mais de 1 milhão de lojas que recorrem aos serviços logísticos da estatal, afirma Cláudio, que vê como desafio a lucratividade do negócio. “Como oferecer um serviço postal em um lugar longe, como em cidades ribeirinhas? São poucas cidades que dão lucro. Então como tornar as demais cidades lucrativas?”, questiona. Na visão do executivo, é necessário considerar a possibilidade de que a operação torne o serviço mais caro e demorado. Junto a esses desafios, existe a necessidade de sanar as dúvidas que o projeto gera. “Uma das complexidades é convencer a população de que ninguém vai perder emprego e nenhuma agência será fechada”, destaca Stefan, CEO e cofundador da Intelipost. De acordo com o empresário, outra premissa da privatização é que os Correios devem continuar a atender 100% dos brasileiros.
Revitalização da Estratégia
Para Stefan, a privatização será benéfica para as empresas atendidas pela estatal. “Os Correios são a maior entregadora do Brasil. Se fosse melhor gerenciado, seria ótimo para o mercado. O serviço precisa de uma nova gestão, para revitalizar a estratégia. Uma das premissas principais da privatização é a melhoria da qualidade, ou seja, entregar mais rápido, com mais pontualidade e custo mais baixo. O novo gestor que entrar vai focar nisso”, explica. Porém, segundo Cláudio, o projeto pode afetar a abrangência das áreas atendidas pelos Correios. “As empresas privadas atendem parte da área total. No interior do Brasil, quem chega são os Correios, ou outras plataformas com valor mais caro.”
Fonte: Giro News