Novos hábitos e manutenção do trabalho remoto deverão trazer boas perspectivas para o segmento, diz pesquisa
Por Raquel Brandão
A vida mais digitalizada durante a pandemia fez com que serviços como os de delivery, ou entrega em casa, ganhassem força e se tornassem mais frequentes no dia a dia dos brasileiros. E esse comportamento de consumo deve continuar na rotina de muita gente mesmo após o fim da crise sanitária, segundo uma pesquisa feita pela Globo em parceria com a MindMiners, empresa de tecnologia especializada em pesquisa digital.
Nas refeições, ao menos 80% das pessoas têm a intenção de continuar utilizando o serviço de delivery. “O que mais atrai as pessoas para o delivery é a praticidade. Então, pós-pandemia, há uma oportunidade muito grande de crescimento”, avalia Flavia Franco da Cruz, sócia da MindMiners à frente da área de pesquisas. De acordo com os dados, 72% dos respondentes disseram ter adotado os serviços de entrega em domicílio devido à comodidade. O levantamento foi feito entre 1º e 9 de abril, com 500 respondentes de todo Brasil.
Para Flavia, a reabertura de restaurantes não vai fazer com que as pessoas desistam do delivery, pois as ocasiões de consumo são distintas. “O restaurante voltará muito atrelado ao lazer mesmo. O crescimento do delivery traz novas opções. Não é só mais o jantar, começa a permear os almoços durante semana, lanches nos intervalos, etc. Vão ser complementares.”
A executiva também aponta outra mudança que veio com a pandemia da covid-19 e deve ficar e ajudar a impulsionar as plataformas de delivery: o trabalho remoto (home office). Ao longo da pandemia, as pessoas que passaram a trabalhar em casa foram deixando de cozinhar as próprias refeições e percebendo ganho de tempo e facilidade ao pedir os pratos, conta Flavia. O que também explica o aumento de pedidos durante a semana e na hora do almoço.
Além disso, as categorias de culinária brasileira e marmita se tornaram a segunda e terceira mais frequentes nos pedidos, atrás apenas do fast-food, que segue na liderança impulsionado pelos pedidos de fim de semana, que ainda são mais frequentes.
E, conforme o uso aumenta, a percepção positiva do serviço cresce. Para os “super heavy users”, aqueles cujos pedidos superam as cinco vezes na semana, a experiência tem ficado melhor. Flavia argumenta que isso tem a ver com a capacidade das empresas de identificar os padrões de consumo daquele usuário e também de “humanizar” a robotização das plataformas, permitindo atender a necessidades específicas em cada pedido.
Entre os principais fatores para experimentar uma nova plataforma de delivery, o frete grátis, o cupom de desconto e a reputação positiva foram os três mais citados. Ainda sobre a reputação, 69% dos participantes disseram considerar as plataformas mais conhecidas mais confiáveis.
O estudo também evidencia que existem oportunidades de crescimento do delivery em mais setores. Dos entrevistados, 90% dizem conhecer serviços de delivery de comida e 86% afirmam já ter utilizado, mas a diferença aumenta quando se fala em farmácias (85% versus 57%), compras de mercado (78% versus 46%), entrega de encomendas (77% e 41%), bebidas (70% e 30%) e pet shop (54% e 18%).
Fonte: Valor Econômico