É muito difícil abrir mão dos preços mais convidativos das lojas de departamento para modelos parecidos com os que acabaram de aparecer na passarela.
Por Redação
Estamos na era das compras conscientes. Muitos chegaram a declarar que o fim do fast fashion estaria próximo, já que uma nova geração de consumidores passou a evitar o desperdício – e adotou, em seu lugar, roupas de brechó e um guarda-roupa mais amigo do planeta. Só que, de acordo com a empresa de moda sustentável ThredUp, essa mudança ainda é muito pequena.
Enquanto a Geração Z está abraçando causas justas, para a maioria dos consumidores ainda é difícil largar o fast fashion. No relatório anual de 2022 da ThredUp sobre a situação do varejo, a empresa descobriu que apenas 17% dos compradores planejam gastar menos dinheiro com fast fashion nos próximos cinco anos – apesar de 50% acreditarem que esse hábito é prejudicial ao meio ambiente e apresar de 43% até admitir que se sentem culpados por comprar em lojas como Zara, H&M e Forever 21.
Mas por que essa contradição persiste? Pra começar, a culpa é da crise econômica e das altas taxas de inflação. O vestuário está entre as cinco principais categorias em que os consumidores notaram aumento recente nos preços (ao lado dos alimentos e da gasolina). Nesse contexto, é muito difícil abrir mão dos preços mais convidativos das lojas de departamento para modelos parecidos com os que acabaram de aparecer na passarela. De acordo com o relatório, 72% dizem que compram em lojas fast fashion por causa do “bom custo-benefício”. Outros 20% admitem que se sentem pressionados pelas redes sociais a seguir os estilos que estão mais em alta.
Mas é claro que há mais razões para isso. Comprar roupas de segunda mão pode ser uma verdadeira caça ao tesouro, mas conseguir desenterrar uma joia que tenha a aparência, o tamanho, a qualidade e o preço perfeitos leva tempo – enquanto isso, 53% dos compradores dizem que recorrem ao fast fashion porque, como o próprio nome diz, é bem mais rápido. Há também a emoção de entrar em um site e percorrer um zilhão de produtos em estoque, encher o carrinho de vestidos, saias e camisas e fechar o pedido com um clique, para que tudo seja entregue na porta de casa. Assim como qualquer outro vício, 42% dizem que comprar em fast fashion é um mau hábito difícil de largar.
Apesar disso, os brechós estão prosperando – tanto por ser uma maneira de economizar dinheiro quanto porque essa é uma cultura interessante por si só. De acordo com a ThredUp, fazer achados em conta está mais na moda do que nunca entre a Geração Z e a Geração Millenium: 59% daqueles que compraram roupas de segunda mão pela primeira vez em 2021 dizem que sentem que isso lhes dá motivo para se gabar, e 72% no geral se sentiram orgulhosos de dizer às pessoas que suas roupas eram de brechó.
Esse é um orgulho bem fundamentado, já que o impacto climático da indústria de fast fashion está longe de ser desprezível. De acordo com um relatório das Nações Unidas de 2019, a rotatividade da produção em massa no setor de vestuário emite mais gases de efeito estufa do que todos os voos internacionais e transporte marítimo juntos. Enquanto isso, montanhas de roupas descartadas têm sido empilhadas e queimadas em aterros sanitários, liberando na atmosfera e nos oceanos todo tipo de poluição proveniente de tecidos sintéticos.
(Texto teve base na reportagem de Connie Lin, na Fast Company)
Fonte: Fast Company