Ninguém sairá incólume da crise gerada pela pandemia da Covid-19, não importa se trabalhadores informais, se brasileiros com carteira assinada ou empresários. A razão é simples: durante o isolamento social provocado pelo avanço do novo coronavírus, 60% das pessoas não adquiriram nenhum novo bem de consumo — como televisores, geladeiras e automóveis —, segundo estudo do Instituto de Pesquisa & Data Analytics Croma Insights.
Além disso, a pesquisa constatou que 42% da população acreditam que a retomada da atividade econômica do país virá apenas no segundo semestre, razão que endossa a decisão de suspender os gastos. “As incertezas levaram os consumidores a se concentrarem em despesas essenciais, como alimentação e medicamentos, adiando os planos de trocar de carro, de comprar uma televisão maior ou de adquirir itens que podem ficar para depois”, diz o economista Renato de Carvalho, da Universidade Estadual de Londrina. “Há um represamento natural do consumo diante de um horizonte de curto prazo ainda muito incerto.”
A pesquisa da Croma Insights ouviu 8.079 pessoas entre 15 de fevereiro e 28 de abril, analisando o comportamento do brasileiro na pandemia. A metodologia usada foi o painel on-line Toluna aplicada em todo o Brasil. O objetivo foi compreender padrões comportamentais e a percepção dos consumidores em relação a marcas e empresas.
Entre as marcas que se posicionaram positivamente na pandemia, os bancos aparecem com grande destaque, principalmente o Itaú (20%), que doou R$ 1 bilhão para o combate à Covid-19, seguido por Santander (8%) e Bradesco (7%). A cervejaria Ambev e rede varejista Magalu, ambas com ações de enfrentamento à pandemia, continuam bastante lembradas por 15% e 11% respectivamente, por suas iniciativas de bancar a produção de álcool em gel, máscaras faciais, doações à comunidade, entre outras ações. O Nubank e o Banco do Brasil também foram mencionados na da pesquisa.
Em relação ao futuro e ao retorno à normalidade, 27% dos entrevistados acreditam que nós próximos dois meses o país estará com a situação restaurada, enquanto 42% acreditam que só depois do segundo semestre as atividades voltarão a normalidade (19% em três meses e 23% em quatro ou mais meses). Outros 8% não souberem dizer. Uma resposta dominou a pesquisa: do universo de entrevistados, 80% disseram estar “muito preocupados” ou “extremamente preocupados.”
Trabalho em casa
Quase metade da população afirma ter sido impactada financeiramente pela pandemia, principalmente autônomos que estão sem rendimentos e pessoas que estão em casa sem poder trabalhar. De acordo com o estudo capitaneado pelo economista Edmar Bulla, fundador do Grupo Croma, hábitos como lavar tudo o que entra em casa, cuidar da casa sem faxineira e home-office tiveram ligeira queda, mas se mantêm presentes, bem como as compras on-line em mercados e delivery de comida. Outros hábitos se tornaram presentes também, como o resgate de cozinhar em casa (68%) e a nova modalidade de entretenimento das lives (58%).
A compra de itens para proteção pessoal e da família permanece estável, porém, com queda na compra de máscaras descartáveis, em contrapartida ao aumento da compra de máscaras reutilizáveis de tecido. As mudanças no modelo de compras estão incorporadas no hábito durante a quarentena, principalmente as compras em maior quantidade e menor frequência e aquelas feitas em mercados de bairro. Houve queda na compra de sabonetes, álcool em gel e papel higiênico. Os canais de streaming de vídeos continuam fazendo parte da vida da maioria dos entrevistados (76%) e os aplicativos de bancos continuam sendo utilizados por metade da população (50%).
Já celulares (15%), televisores (8%) e notebooks (7%) foram os itens de bem de consumo mais comercializados desde o início da pandemia, enquanto 60% não compraram nenhum artigo desse segmento, poupando as reservas para o pagamento de contas, alimentação e itens de higiene. Passada a quarentena, 56% pretendem manter o home office como meio de trabalho, 51% continuarão buscando novos conhecimentos e 48% dos entrevistados reavaliarão crenças e valores.
Fonte: Panorama Farmacêutico