A Popeyes, rede de fast food de frango frito controlada pelo Burger King Brasil, vai iniciar sua expansão fora da cidade de São Paulo a partir de janeiro. Os alvos iniciais são o interior do Estado e o Rio de Janeiro. “A ideia é chegar a mais duas ou três praças, mas nada impede que, se tivermos resultado positivo, o número seja ampliado”, diz Ariel Grunkraut, diretor de vendas e marketing de Popeyes e Burger King no Brasil.
De acordo com o executivo, a expansão para além da capital paulista deveria ocorrer mais adiante, mas o plano inicial foi antecipado por conta da boa aceitação da marca e de seus produtos. No Brasil há um ano, a rede tem mais de 20 lojas em operação. A expectativa é chegar a 30 até o fim de 2019 e abrir mais 25 ao longo do ano que vem. Com isso, o número de unidades vai quase dobrar, totalizando 55. O número de funcionários também tende a duplicar, passando dos atuais 500 para mil.
Em sua estreia no Brasil, a Popeyes fixou o objetivo abrir pelo menos 300 lojas no prazo de dez anos. Na avaliação de Grunkraut, o número será maior. “O plano original contempla uma aceleração gradual no ritmo de aberturas, que começa mais devagar e vai acelerando. Mas já estamos em uma curva bem maior que o plano original”, diz.
O crescimento acelerado tem vários motivos. Um deles é que a Popeys se beneficia do relacionamento estabelecido com o consumidor brasileiro pelo Burger King, que chegou ao país em 2004 e no 2º trimestre deste ano atingiu 800 lojas. Mas também há questões conjunturais. Com a crise econômica, muitos consumidores brasileiros querem continuar a comer fora, mas estão buscando nas redes de fast food alternativas mais baratas em relação aos restaurantes tradicionais, diz Grunkraut.
O executivo também demonstra otimismo em relação ao país, especialmente com a redução gradual da taxa de desemprego e a possibilidade de mais pessoas passarem a receber vale-refeição, o que tende a elevar o consumo de fast food.
Os planos da Popeyes ressaltam o interesse das cadeias de lanchonete pelo mercado de frango no país. Sua maior, concorrente, a também americana KFC planeja chegar a 500 pontos em 2027. A master franqueada do KFC no Brasil é a Multi QSR, cuja proprietária é o grupo Sforza, do empresário Carlos Wizard. Atualmente, são 66 lojas localizadas em sete Estados e no Distrito Federal.
“O frango é a proteína mais consumida pelo brasileiro e também a que mais cresce. Mas o consumo ainda está menos ligado ao fast food. Existe espaço para consolidação”, diz Grunkraut.
Para as 25 novas lojas previstas pela Popeyes em 2020 ainda não há uma definição de quantas serão abertas na capital paulista e quantas fora dela. “Estamos em negociação”, diz o executivo.
Acompanhando a tendência atual – e a estratégia que marcou a chegada do Burger King há 15 anos – o foco inicial da expansão será em shoppings. “A abertura de lojas de rua depende de um reconhecimento de marca mais forte [que a Popeyes ainda não construiu]”, diz Grunkraut.
A Burger King Brasil, master franqueada da rede, não divulga dados específicos sobre a Popeyes. Nos EUA, a rede tem receita média de US$ 1,5 milhão por loja em suas duas mil lojas. São mais de 3,2 mil unidades no mundo. Segundo Grunkraut, o desempenho melhor que o esperado no Brasil abre caminho para que os restaurantes cheguem ao ponto de equilíbrio até o fim do ano.
Popeys e Burger King são marcas do grupo Restaurant Brands International (RBI), cujo maior acionista é a 3G Capital. A Burger King Corporation, que pertence ao RBI, é acionista da Burger King Brasil, ao lado de fundos.
No começo de 2020, a rede pretende incorporar ao cardápio local seu mais recente lançamento, chamado The Sandwich. Feito apenas com pão, bife de peito de frango empanado, picles e maionese, o sanduíche foi um sucesso em seu lançamento em agosto, conquistando elogios de celebridades e da imprensa. Consumidores ficaram horas na fila para comer o lanche. “Não deu nem tempo de colocar no ar a campanha de marketing. O estoque acabou antes”, diz Fernando Machado, diretor de marketing global da rede. Agora, a distribuição está sendo normalizada.
Segundo Machado, o sanduíche está sendo testado para a empresa saber se é necessário fazer alguma adaptação ao gosto do público brasileiro. “Poderia ser interessante manter [a receita] igual para ter um “clássico” no cardápio, mas vamos ver”, diz.
Fonte: Valor Econômico