O poder no setor de construção está nas mãos de grandes construtoras. São elas que determinam, em última instância, as tecnologias usadas nos imóveis e orientam os clientes na hora da compra. Mas, na medida em que os consumidores têm mais acesso a informação, principalmente através da internet, isso tende a mudar. E a demanda por inovações virá deles. A avaliação é de Minas Apelian, vice-presidente de pesquisa e desenvolvimento da Nova External Ventures, o braço de inovação da Saint-Gobain, a gigante francesa do setor de construção. “Se eu tivesse que apostar em qual será a próxima revolução no setor, eu diria que é em relação a onde o poder está no ciclo da construção”, afirma o executivo. “Na medida em que o consumidor assumir o controle sobre as escolhas, vai demandar inovação. Isso tem potencial para mudar a dinâmica do setor”.
Discreto, de cabelos brancos e calvo, com jeitão de professor universitário, o executivo esteve pela primeira vez no Brasil no final de abril para conhecer startups, universidades e incubadoras locais. Passou pela Unicamp e pelo Cubo, por exemplo. O objetivo das visitas, afirma, foi o de trocar visões para, posteriormente, apresentar para parte de sua equipe global o que acontece por aqui. Além do apoio em unidades da Saint-Gobain espalhadas pelo mundo, a Nova têm equipes próprias baseadas em Boston, nos Estados Unidos; em Paris, na França, e em Xangai, na China. Minas chegou ao Brasil acompanhado de três colegas americanos, dois franceses e um chinês. “Eu quero que meu time passe por uma imersão no que está acontecendo no Brasil e compartilhe a experiência com outras partes do mundo”, diz.
A aproximação com as startups e centros de pesquisa no país é parte da estratégia do grupo. Através da Nova, a Saint-Gobain monitora o mercado em busca de grandes ideias, tecnologia de ponta e de novos talentos. Em troca, oferece suporte para crescimento na forma de acesso a mercados, recursos financeiros e a possibilidade de as startups testarem rapidamente, em larga escala, seus modelos de negócios.
“Estamos em negócios tão diversos: há cerâmicas de engenharia usadas em foguetes; vidros, que são o produto original da empresa; e outros materiais de construção. Temos muitas necessidades diferentes. A Nova tenta trabalhar com todos esses negócios e segmentos para entender como pode ajudar. Quais são os planos estratégicos para o futuro e quais são as coisas que vão permitir que sejam bem sucedidos”, afirma Apelian.
Segundo o executivo, nos doze anos de existência da Nova, foram avaliadas cerca de 3,2 mil startups. No Brasil, a maior parte ainda são empresas com tecnologias digitais, que hoje já participam de 86% dos projetos da Saint-Gobain, diz Thierry Fournier, presidente no país. Ao todo, são cerca de cem iniciativas em andamento. Mas, com a visita de Apelian ao Brasil, o número tem tudo para crescer.
Fonte: Época Negócios