Por Gabriela da Cunha | O cartão de crédito tem reinado como o tipo de pagamento mais aceito pelo comércio eletrônico no Brasil. Contudo, a concorrência cresceu nos últimos três anos, especialmente com a chegada do pix, o sistema de pagamento instantâneo criado pelo Banco Central, e o chamado BNPL (compre agora, pague depois). Agora, em setembro, o jogo “não virou”, mas empatou. Pela primeira vez, o pix está sendo aceito por 100% das principais lojas do e-commerce no país.
A apuração foi realizada pelo Estudo Gmattos de Pagamentos em seus monitoramentos bimensais, que avaliam as movimentações nos tipos de pagamentos em 59 lojas on-line de destaque no mercado varejista brasileiro, como Amazon, Americanas, Mercado Livre, Casas Bahia, Magalu, companhias aéreas, redes de farmácias e supermercados, entre outras.
A evolução do pix é acompanhada pela consultoria desde janeiro de 2021. Conforme Gastão Mattos, cofundador e diretor-geral da empresa, para alcançar o atual patamar e ganhar espaço entre lojistas e consumidores como pagamento à vista, a modalidade superou gargalos de infraestrutura que, hoje, permitem a melhor integração entre os lojistas e os bancos. A opção passou a estar disponível para o consumidor tanto através do chat do WhatsApp quanto pelo aplicativo da conta do consumidor, por exemplo.
Com isso, o percentual de lojistas pesquisados que tem incentivado o pagamento pela modalidade também cresce a cada levantamento. Em setembro, atingiu 42% das lojas. Nesses estabelecimentos, ao pagar com pix, os clientes encontram descontos entre 5% e 20%.
Para os lojistas, o pix tem se demonstrado vantajoso, principalmente, por dois motivos, afirma o consultor: praticamente 90% do que o cliente coloca no carrinho do e-commerce é convertido em vendas quando há opção de pagar com o pix e, também, porque tem custo inferior a todas as outras formas de recebimento – 0,33%, em média, para lojas de grande porte.
O crescimento do pix ocorre em meio às discussões sobre o rotativo no cartão de crédito e o parcelado sem juros, que têm mobilizado as agendas do Banco Central, bancos, entidades de setor, lojistas e o Congresso Nacional. No atual levantamento, nota-se um número recorde de lojas aceitando cartão de crédito apenas na modalidade à vista (uma parcela). Apenas 3% das lojas oferecem desconto nesta opção.
Buy Now, Pay Later: já ouviu falar?
O monitoramento da consultoria também observou outro recorde de aceitação entre os lojistas da modalidade compre agora, pague depois (BNPL, Buy Now, Pay Later), que atingiu 32,2%.
Por meio desta modalidade é possível comprar produtos ou serviços à prazo, parcelando o pagamento e sem a necessidade de usar cartões de crédito ou débito. Uma forma de BNPL é o chamado pix parcelado, que ainda não é uma modalidade oferecida oficialmente pelo Banco Central. Mesmo assim, há bancos (tradicionais e digitais) e até mesmo fintechs ofertando o serviço como mais uma linha de crédito.
No evento “Fintouch 23”, organizado pela Associação Brasileira de Fintechs (ABFintechs), realizado em São Paulo nesta terça-feira, o diretor de organização do sistema financeiro e resolução do Banco Central (BC), Renato Gomes, disse que a entrada de mais fintechs no mundo do compre agora, pague depois pode fomentar a concessão de mais descontos. “A fintech pode não só ajudar na gestão financeira do lojista, mas também prover um crédito customizado, baseado no cliente, no seu histórico
De acordo com ele, o regulador está ainda observando o lançamento de iniciativas de parcelamento de compras (BNPL) via pix pelo próprio mercado.
No monitoramento da GMattos, 36,8% da oferta do BNPL em setembro se deu via fintechs e o crediário dos próprios lojistas.
Entre as demais modalidades de pagamento aceitas pelo comércio eletrônico no país, os boletos mostraram resiliência frente a ascensão do pix, chegando a 67,8%. O índice consolidado dos débitos se manteve em 27,1%, e as carteiras digitais (wallets) conservaram sua estabilidade na casa dos 39%.
*Com informações de Mariana Ribeiro, do Valor
Fonte: Valor Invest