“O pior da crise ficou para trás”, foi o que disse o economista sênior da Confederação Nacional do Comércio ( CNC ), Fábio Bentes, durante palestra com o tema: “Termômetros do Consumo, o pior já passou? ”, realizada nesta terça-feira (06), no auditório da Federação do Comércio de Mato Grosso (Fecomércio-MT), para empresários e presidentes de sindicatos patronais.
Bentes é responsável pelo departamento de pesquisas da CNC que mensalmente avalia índices como o ICF (Intenção de Consumo das Famílias), a Peic (Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor) e o Icec (Índice de Confiança do Empresário do Comércio).
Durante a palestra, o economista revela que o auge da crise ocorreu no último trimestre de 2015 e primeiro trimestre de 2016, atingindo elevados índices de insatisfação, tanto do empresariado quanto do consumidor, que começa agora a dar sinais da retomada da confiança, embora essa melhora ainda seja tímida.
Para o presidente do Sindicato de Comércio de Tecidos e Confecções de Mato Grosso (Sincotec-MT), Roberto Peron, o segmento que representa depende muito do poder econômico de seus clientes. “Nosso segmento demora mais a reagir. Por isso, ainda estamos absorvendo uma queda acentuada nas vendas nos últimos 12 meses, que chega a ser acima de 10%”, explicou Peron que já espera melhoras com o que está acontecendo no cenário econômico e político brasileiro.
Um diferencial promovido pelo Sindicato e que vem dando certo é o LiquidaCentro, evento ocorrido em julho e que chegou a 10ª edição apresentando resultados positivos em ano de dificuldade.
Um dos indicadores mais relevantes das pesquisas que mostram um panorama nacional e também o cenário apurado nas capitais brasileiras, é o mercado de trabalho. “O empresário (do comércio) não contrata porque é bonzinho e nem demite porque é malvado. Ele age de acordo com o mercado”.
Em contrapartida, outros indicadores da CNC vêm apresentando melhoras nos últimos meses, o que mostra que os empresários, aos poucos, começam a retomar a confiança. Um exemplo disso é o Índice de Confiança dos Empresários do Comércio (Icec), que em nível nacional atingiu 90,0 pontos em agosto, ante os 87 pontos observados em julho. Embora nacionalmente o registro esteja abaixo da zona de satisfação (100 pts), em Cuiabá os números do comércio são mais otimistas que a média brasileira. O índice na capital de Mato Grosso passou de 100,5 pontos em junho, para 104,7 em julho e agora 108,3 em agosto.
Para o superintendente da Fecomércio-MT e economista, Evaldo Silva, o otimismo dos comerciantes cuiabanos se deve às características econômicas de Mato Grosso. “Um dos principais entraves para uma reação mais efetiva do comércio é o desemprego. Em Cuiabá esse impacto não foi tão grande quanto em grandes centros como São Paulo, por exemplo. Isso porque em Mato Grosso, cerca de um terço da população do Estado está concentrada na capital, que, por ser uma capital, reúne um grande número de órgãos públicos, que por sua vez, geram empregos e garantem uma certa estabilidade ao trabalhador”, pontuou.
Pelo lado dos empresários, Hermes Martins, presidente da Fecomércio-MT, disse que os lojistas estão passando pela crise aprendendo a reinventar o negócio e definindo novas estratégias de gestão. “A expectativa agora é que o consumidor também recupere a confiança e isso se reflita nas vendas”, disse o presidente”, concluiu.