A A.Grings, dona da fabricante de calçados Piccadilly, decidiu investir neste ano na abertura de lojas Piccadilly para voltar a crescer em volume de pares vendidos. No ano passado, a companhia registrou vendas estáveis no Brasil e queda em volume no exterior, disse Cristine Nogueira Grings, presidente da Piccadilly. A empresa é uma das maiores do país, com produção de mais de 4 milhões de pares por ano.
Em receita, houve aumento de 7%, para R$ 368 milhões, resultado devido a reajuste nos preços e a mudanças nas coleções, agora totalmente focadas em calçados que reúnem conforto e informação de moda. A companhia ainda não divulgou o balanço fechado de 2019. Em 2018, a Piccadilly registrou receita líquida de R$ 336,8 milhões e lucro líquido de R$ 27,9 milhões.
“Enfrentamos um mercado desaquecido, com lojistas mantendo uma postura mais conservadora, preferindo comprar produtos com mais giro e menor volume de pares por compra”, afirmou Cristine.
A Piccadilly teve dificuldades para crescer em meio a uma competição acirrada, capitaneada pela gaúcha Usaflex e Arezzo, com a marca Alme. A Usaflex informou que fechou o ano passado com crescimento de 14,8% em receita, para R$ 390 milhões, com aumento equivalente em volume de pares vendidos. Para este ano, a empresa prevê aumento de 16,6% em receita e 14,8% em volume, acima das previsões da Piccadilly.
A Arezzo divulga os resultados acumulados de 2019 em março. De janeiro a setembro, registrou alta de 8,7% na receita líquida, para R$ 1,21 bilhão, e alta no lucro líquido de 6,9%, para R$ 107,3 milhões.
A Piccadilly também reconheceu que cometeu alguns erros nas coleções no ano passado. Argumento semelhante foi a explicação da Grendene para a queda de 16,4% no lucro líquido de 2019, para R$ 210,1 milhões, e queda de 10,1% na receita, para R$ 795 milhões.
A Vulcabras Azaleia também disse em janeiro que fez mudanças na produção, investindo mais em calçados mais baratos para melhorar as vendas. Nos nove primeiros meses de 2019, a empresa reportou queda de 7,5% no lucro, para R$ 98 milhões. A receita cresceu 10,2%, para R$ 986,1 milhões.
A presidente da Piccadilly disse que a companhia reforçou a oferta de calçados com perfil mais jovem na virada do ano, buscando atrair mulheres com menos de 35 anos de idade. Com isso, a companhia percebeu uma reação positiva no varejo. “Fechamos janeiro com um crescimento de dois dígitos em relação a janeiro de 2019. Para o ano, a previsão é de um crescimento de 6% em receita, com crescimento mais forte no mercado interno”, afirmou Cristine.
A executiva disse que tem trabalhado para ampliar o número de lojas que vendem produtos da marca Piccadilly. Atualmente, a marca é vendida em aproximadamente 12 mil pontos de venda no país. O foco é crescer principalmente no Norte e Nordeste.
A marca também possui cinco lojas próprias, três em Porto Alegre, uma em Recife e outra em Teresina. “Neste ano, abrimos mais três lojas em Recife e duas em Belém e estamos prospectando locais para abrir lojas no Sudeste”, disse a executiva.
A Piccadilly planeja ainda expandir a oferta de lojas com a sua marca no exterior. Na Europa e nos Estados Unidos, a companhia negocia acordos com novos parceiros para distribuir a marca em lojas multimarcas.
A empresa prevê ainda abrir lojas próprias no exterior. Serão duas em El Salvador, uma na Guatemala, duas no Kuwait (chegando a um total de 16) e duas na Arábia Saudita, onde serão 25 ao todo. Em relação a novos mercados, a Piccadilly informou que começa a exportar neste ano para Hungria, República Tcheca e Madagascar. A Piccadilly exporta para pouco mais de cem países.
Fonte: Valor Econômico