A Petz criou uma nova marca, a Seres, para explorar o negócio de serviços veterinários. O primeiro ponto começou a operar há cerca de duas semanas, na zona sul de São Paulo, e a intenção é abrir unidades próximas às lojas da Petz ou ter áreas independentes dentro das unidades para atendimento com a nova marca.
A movimentação ocorre no mesmo período em que os controladores da Royal Canin, a VCA Maple Leaf, adquiriram 100% das ações do Pet Care Hospital Veterinário. A VCA já tinha 50% do Pet Care e assumiu o controle em dezembro. Também em 2018, o Grupo Brasil Pet, dono da Petland, começou a abrir franquias nessa área de serviços a animais com a bandeira Dra. Mei. Em seis meses, foram inauguradas 15 franquias.
No caso da Seres, o novo negócio terá como controladores os atuais acionistas da Petz, cujo maior sócio é o fundo Warburg Pincus. O outro acionista é Sergio Zimerman, fundador da empresa.
Segundo Zimerman, todas as 80 lojas da Petz têm potencial para ter unidades da Seres incorporadas ao seu espaço ou em alguma área anexa. “Vamos ter de tudo. Haverá reformas de lojas com a Seres ocupando o mesmo espaço da Petz e há outras lojas em que já verificamos que isso não dá e [a operação] pode ficar em outra área”, afirmou. A franquia Dra. Mei também está sendo aberta seguindo essa estratégia, com unidades próximas à Petland. Dessa forma, se explora melhor o tráfego de clientes que já existe em torno da loja de produtos para animais.
O investimento previsto é de R$ 30 milhões na expansão orgânica e na reforma de unidades da Petz que podem receber a Seres. “Calculamos que de 40 a 50 dos pontos da Petz conseguem receber a estrutura da Seres no espaço atual e outras 20 a 30 precisam de ampliação ou nova área”, disse o empresário. Essa primeira fase de expansão da Seres será concluída em 2020. A empresa não informa previsão de faturamento com o novo negócio.
Há outro caminho sendo analisado no sentido de credenciar empresas de serviços veterinários com a marca da Seres. “Podemos treinar e padronizar o modelo e vender isso para lojas que seriam parceiras da Seres. Um hotel de cachorro pode ter o selo de recomendação da Seres”, exemplifica.
Na prática, a Petz já tem uma operação de serviços veterinários mais básicos e sinérgicos à atual operação de varejo, com consultas e aplicação de vacinas, e a ampliação desse negócio vinha sendo analisada há alguns anos, mas não era prioridade, até então. “Até 2016, o crescimento no varejo precisava avançar e ser melhor acertado. Era necessário cuidar da qualidade da expansão e do padrão da operação da Petz. Isso feito, começamos a montar uma estrutura para a Seres.”
A empresa contratou em abril de 2018 a executiva Aline Araújo (ex-diretora do Fleury), para coordenar o trabalho na Seres, que terá uma área comercial para atender exclusivamente o negócio. As informações geradas por esse novo braço serão integradas à base de dados da Petz, para criar uma única central de informações a respeito do perfil dos consumidores. Este tipo de dado é considerado valioso, pela sua utilidade em futuras ações comerciais e de marketing.
Nos R$ 30 milhões estimados para o projeto com a Seres, não estão incluídas aquisições. Zimerman entende que há pequenas operações que podem ser analisadas, mas não acredita num grande crescimento por meio de compra de lojas. “O mercado no Brasil é muito pulverizado e não formalizado. Não se sabe a real situação das empresas, o que dificulta muito qualquer operação”, disse. “E ao contrário do que muitos acreditam, também não é um negócio de margens muito altas, pelos custos envolvidos”.
O empresário não dá detalhes do tamanho deste mercado no país ou de sua evolução. A Seres contratou a consultoria LK para pesquisar o setor. Segundo a Abinpet, associação da indústria de produtos para animais de estimação, o negócio de atendimento veterinário respondeu por 7,7% do faturamento do setor em 2017, quando a soma alcançou US$ 5 bilhões. Já serviço de cuidados com animais respondeu por 7,9%.
O plano da Petz prevê aumentar em 43% o faturamento em 2019, atingindo R$ 1,3 bilhão, versus expansão de 35% no ano passado. A empresa estimou receita de R$ 920 milhões em 2018 (quando forneceu a informação, em dezembro, os dados estavam sendo fechados). A expectativa é abrir 34 pontos da Petz em 2019 e terminar o ano com 114 lojas — eram 80 unidades em dezembro.
Segundo Abinpet, o mercado “pet” no país cresceu 8% em 2017 sobre 2016. O Brasil é o terceiro maior mercado do mundo para o setor — o líder é os Estados Unidos, seguido pelo Reino Unido.
Fonte: Valor Econômico