Unidades físicas ajudam a acelerar prazo de entrega de vendas feitas pela internet
Por Raquel Brandão
Para aumentar sua participação no crescente mercado de produtos para animais de estimação, o grupo Petz resolveu acelerar os investimentos e mirar no longo prazo. A empresa é líder de mercado, com 7% de participação do setor, no qual o pequeno comércio responde por metade dos negócios. Parte da estratégia é investir R$ 500 milhões para abrir lojas, a maioria delas em locais ainda sem unidade ou com baixa presença.
Em outra frente está o crescimento inorgânico. Neste ano, a Petz comprou as empresas Cansei de Ser Gato e Zee.Dog e a franquia de adestramento Cão Cidadão, de Alexandre Rossi, o “Dr. Pet”. Com uma área dedicada a essas transações, a Petz quer se manter atenta para não ser surpreendida por aquisições, pela concorrência, de potenciais alvos não avaliados, diz o presidente da companhia, Sérgio Zimerman.
À frente da direção financeira desde outubro, Aline Penna diz que o foco é buscar marcas não replicáveis. “Há players muito bons no mercado, que daqui dois a três anos vão chegar ao nível de presença em todos os canais como a que temos. Mas, até lá, vamos ter dentro de casa marcas altamente reconhecidas. Esse ecossistema é que vai tornar a Petz única.” Na Arezzo &Co, Penna conduziu uma série de aquisições.
Com a expansão física, o resultado esperado é a combinação do fortalecimento da marca e o avanço do canal digital. Abrir um novo endereço reduz prazos de entrega e melhora indicadores. O período de entrega, por exemplo, pode cair de até 15 dias úteis para apenas 1 dia, com a possibilidade de oferecer frete grátis.
Hoje, cerca de um terço das vendas da Petz são digitais e, dessas, o nível de multicanalidade – quando o produto sai direto da loja para o destino ou é retirado no local pelo cliente – responde por 85% a 90% do total.
A empresa vende digitalmente para todo o país; fisicamente está em 19 Estados. O mais recente é Alagoas, com a loja de Maceió inaugurada neste trimestre. O plano é chegar a três novos Estados em 2022, quando a companhia pretende alcançar o patamar histórico de aberturas em um só ano: 50. A expectativa, depois disso, é voltar à media anual de 30 a 40 inaugurações. Atualmente, são 166 lojas em operação.
A expansão para novos Estados é favorecida pelo fato de o setor não estar muito sujeito a regionalismos, como se vê no varejo alimentar ou de moda. Nesses segmentos, muitas vezes grupos de fora são limitados pela força de marcas locais.
A visão da Petz é de longo prazo. A abertura de lojas implica investimentos e ajuda a aumentar a fatia das operações digitais, mas pressiona as margens. “Se quisesse proteger o curto prazo, faria o contrário: segurar as aberturas para privilegiar resultados. Mas não achamos que isso seja o mais inteligente a fazer”, diz Zimerman. “É justamente agora que se geram mais oportunidades imobiliárias para continuar avançando no processo de expansão.”
A companhia conta com dinheiro em caixa. Em novembro, reforçou a operação após uma oferta restrita de ações que levantou R$ 779 milhões. Esse montante é capaz de financiar as aberturas. “Tem uma tempestade, o céu está com nuvens pretas e em 2022 vêm trovoadas, mas fizemos estoque de guarda-chuva. Estamos bem protegidos para aguentar a pancada dessa chuva”, diz.
Por trovoadas, Zimerman se refere não somente aos desafios naturais do crescimento, como a curva para que as novas lojas alcancem a maturidade. Pesa também um cenário macroeconômico difícil. Os juros elevados encarecem as obras. Na operação, o dinheiro mais curto no bolso do consumidor provoca mudança no mix de produtos mais procurados. A participação de alimentos aumenta e itens com margens maiores saem de cena. Porém, a diferença de margem de rações, tapetes higiênicos e outros itens essenciais é pequena em comparação com outros produtos, diz o executivo.
Fonte: Valor Econômico