Por Marina Costa | Mais próximos dos animais nos últimos anos, os tutores redobraram a atenção com necessidades que vão além da alimentação. A tendência é demonstrada pela alta do segmento de pet care, de produtos de higiene e bem-estar, que faturou R$ 3,3 bilhões e registrou o maior crescimento do mercado pet em 2022, de 20%, segundo o IPB (Instituto Pet Brasil).
“A dinâmica do proprietário de pet mudou. Ficando mais tempo em casa, a pessoa convive mais com o animal no dia a dia, então consegue perceber coisas que não via antes, como um probleminha de pele, as unhas compridas e o pelo que está na hora de cortar”, exemplifica Nelo Marraccini, presidente do Conselho Consultivo do IPB.
Atrás somente dos departamentos de higiene e alimentos industrializados, outro destaque está nos serviços veterinários, que obtiveram alta de 16,2% e R$ 5,6 bilhões de receita. No total, o varejo pet faturou R$ 60,2 bilhões e cresceu 16,4% no ano passado.
Atentas para o comportamento dos tutores, as varejistas do setor passaram a se concentrar em ampliar a oferta de suas unidades com opções de banho, tosa e veterinário, por exemplo, estratégia que já era comum nas lojas de bairro, diz Marraccini.
Na Petz, eleita melhor pet shop pela sexta vez consecutiva na pesquisa Datafolha, clínicas veterinárias e centros de estética estão disponíveis em cerca de 150 das 220 lojas no país. Para tornar o processo mais cômodo, a rede lançou o agendamento de banho e tosa por aplicativo em 2022 —hoje, metade dos serviços são marcados pelo canal, afirma o CEO Sergio Zimerman.
Em 2021, o grupo adquiriu a Cão Cidadão, empresa fundada por Alexandre Rossi, zootecnista, médico veterinário e especialista em comportamento animal que ficou conhecido como Dr. Pet. Assim, o portfólio da Petz dispõe de cursos online de adestramento e o tutor pode contratar profissionais que vão à residência para aplicar o treinamento.
Por meio deste braço, a varejista pretende estender sua atuação para atender às demandas criadas pelo retorno dos tutores às atividades presenciais.
“Nossa ideia é ir além do adestramento e oferecer hotelzinho, dog walker [passeador para cães] e pet sitter [babá de pet], tendo a equipe da Cão Cidadão como curadora para ajudar a treinar e a implementar metodologia nesses serviços”, diz Aline Penna, vice-presidente de finanças da Petz.
Segundo Zimerman, os serviços serão prestados por operadores parceiros habilitados pela Cão Cidadão e credenciados pela Petz, e o intuito é que eles possam trabalhar tanto nas unidades da rede que possuírem espaço para um hotel, por exemplo, quanto em estruturas próprias.
Antes disso, o grupo deve estrear no segmento de planos de saúde, com um projeto-piloto que terá início na cidade de São Paulo devido à disponibilidade de clínicas e hospitais da Petz na capital.
“A penetração do mercado de plano de saúde pet ainda é muito baixa no Brasil, muito aquém dos Estados Unidos e de países europeus, então tem muito potencial. Hoje, temos consultas e procedimentos cirúrgicos, mas seria muito legal trabalhar mais a prevenção, e isso até faz com que o custo do plano seja mais baixo”, diz Penna.
Marraccini, do IPB, afirma que o setor tende a crescer nos próximos anos. “Os tutores estão levando os animais com mais frequência às clínicas até para se antecipar, porque começaram a perceber o custo de uma emergência. O plano de saúde passa a ser uma opção para manter o animal bem cuidado e cuidar também do bolso.”
PETZ
28% das menções
Fundação
2002
Unidades
220 lojas
Funcionários
9.131, sendo 7.313 diretos e 1.818 terceirizados
Faturamento
R$ 3,4 bilhões
Crescimento
36,2% na receita, em comparação com 2021
Tudo que faz parte das soluções para a relação do tutor com o pet é preocupação da Petz, e isso não se limita a prover produtos: é preciso ter cuidados preventivos com a saúde, manter a higiene e treinar o animal.
Fonte: Folha de S. Paulo