Nesse ritmo, a companhia que vende produtos para animais de estimação dobra de tamanho em dois anos
Por Luiz Henrique Mendes
Enquanto varejistas como Magazine Luiza e Via sofrem com os impactos da economia combalida sobre as vendas em lojas físicas, a Petz não tem do que reclamar. Em uma mostra da resiliência do varejo de produtos para cães e gatos, o grupo liderado por Sergio Zimerman acaba de entregar mais um resultado com forte expansão.
Pelo oitavo trimestre consecutivo, as vendas da Petz cresceram mais de 30%. “Em qualquer cenário, seria bastante forte, mas se você considerar o que foi o varejo brasileiro nesses últimos oito trimestres, isso deixa ainda mais escancarado o diferencial do nosso projeto”, disse Zimerman, o executivo-chefe (CEO) da Petz.
No quarto trimestre, a Petz faturou R$ 694,4 milhões, um salto de 32,3% na comparação anual. A expansão reflete a abertura de novas lojas – foram 37 no ano passado -, mas também o crescimento das unidades mais maduras. No conceito mesmas lojas, as vendas aumentaram 16,97%, reforçou Aline Penna, executiva-financeira do grupo. O lucro líquido no trimestre cresceu 16,2%, para R$ 31,1 milhões. No ano, a última linha do balanço fechou em R$ 91,6 milhões, aumento de 23,5% em relação a 2020.
Nesse ritmo, a Petz vai dobrar de tamanho em menos de dois anos. Quando abriu o capital na bolsa, em setembro de 2020, faturava R$ 1,7 bilhão, montante que atingiu R$ 2,5 bilhões no ano passado. Os números não consideram as aquisições de Zee.Dog – que fatura R$ 220 milhões -, Cansei de Ser Gato e Cão Cidadão, negócios que começam a ser integrados neste ano.
Os resultados também mostram que a estratégia digital da Petz ganhou tração. Em pouco tempo, a companhia se equiparou à Petlove, referência quando o assunto é o e-commerce de produtos para cães e gatos. “Já estamos no mesmo patamar do nosso concorrente, e começamos com uma base bem menor em 2020”, disse Penna.
Desde 2019, as vendas digitais da Petz se multiplicaram por oito, saindo de apenas R$ 89,5 milhões para R$ 750 milhões. Com isso, a participação do negócio digital no faturamento total pulou de 7,7% para 30,3%. A adoção do ominichannel também vem aparecendo. Quase 90% das mercadorias vendidas digitalmente já foram das próprias lojas da Petz.
Ao mesmo tempo, a companhia vem conseguindo atrair os clientes para seu aplicativo, origem de 67% das vendas digitais. No ano passado, o volume de downloads ultrapassou as concorrentes Cobasi e Petlove somadas. Em dezembro, o aplicativo da Petz atingiu 1 milhão de usuários únicos ativos.
ambiente de inflação elevada, a Petz preservou as margens graças aos reajustes, um comportamento que vem sendo acompanhado pelo mercado. No quarto trimestre, o Ebitda ajustado alcançou R$ 65,6 milhões, com margem de 9,4% – 0,4 ponto acima do mesmo período de 2020. No acumulado do ano passado, a margem Ebitda foi de 9,8%.
Zimerman argumenta que, em um negócio de margens menores como é o de ração, não há como segurar os reajustes, inclusive porque as vendas de acessórios para pets – itens discricionários que trabalham com margens maiores – sofrem mais com o momento econômico, tornando o consumidor mais comedido.
Das vendas totais da Petz, 80% são de itens considerados de compra obrigatória, como ração. Nesses casos, os clientes não deixam de comprar, mas é possível notar que o esperado movimento de “upgrade” na qualidade dos produtos comprados ficou para depois. Em compensação, praticamente não há “trade down” de ração, disse Zimerman
Enquanto comemora os resultados recém-divulgados, a Petz se estruturou para mais um ano de rápido crescimento. Com áreas já alugadas, a companhia vai abrir 50 lojas em 2022, um recorde que demandará de R$ 250 milhões a R$ 300 milhões em investimentos. Aos poucos, o grupo se nacionaliza, diluindo a participação de São Paulo nas vendas – atualmente em 50%. Presente em 17 unidades da federação, a Petz vai estrear no Pará, Piauí e Maranhão ainda neste ano.
Nos planos, também está a entrada em planos de saúde, uma vertical já explorada por concorrentes como Petlove e Petland. A ideia da Petz é aproveitar a estrutura verticalizada da Seres, a rede própria de hospitais e clínicas veterinárias. Um piloto do plano de saúde será lançado em 2022.
Para dar vazão aos planos, a Petz conta com uma caixa considerável. Capitalizada após o “follow-on” de novembro, quando captou quase R$ 780 milhões, a companhia apresenta uma estrutura de capital bastante confortável, com caixa líquido. A relação entre dívida líquida e Ebitda (lucro antes de impostos, juros, depreciação e amortização) está negativa em 1,9 vez.
Fonte: Valor Econômico