Em meio à crise econômica mundial provocada pela pandemia do coronavírus e ao isolamento social por causa do aumento crescente dos casos da Covid-19 no Brasil, a demanda por compras de produtos ligados à alimentação animal – pela consequência do também confinamento dos pets em casa – disparou 30% desde o início da crise de saúde global em terras brasileiras, nas últimas semanas. A categoria se enquadra na relação de serviços considerados essenciais, como os de alimentação, e não precisou fechar as portas com a determinação de governos estaduais pela quarentena para boa parte do comércio, varejo e setor de serviços no Brasil.
Com 139,3 milhões de animais domésticos (54,2 milhões de cães e 23,9 milhões de gatos), segundo o Instituto Pet Brasil, o Brasil é hoje o segundo maior mercado no mundo no setor, com 5% da fatia do faturamento global, de US$ 124,6 bilhões (R$ 625 bilhões), à frente de Reino Unido e Alemanha e atrás apenas dos EUA, com 40,2%.
Nesse cenário, a rede Petland Brasil enxergou também uma oportunidade de crescimento, apesar da inevitável mudança no foco dos planos de expansão e faturamento planejado para este ano. Uma das medidas imediatas adotadas pela rede, que conta com 100 lojas em 17 Estados do País (maior do que a matriz americana, que conta com cerca de 90 unidades), foi a implementação mais rápida no plano de delivery, mesmo com as unidades com portas abertas. “Desde que a crise teve início, as lojas nos Estados Unidos estão batendo recordes diários de faturamento. No Brasil, nossas unidades também estão crescendo em vendas, no mesmo raciocínio do que aconteceu com os supermercados nos primeiros dias. Pelo menos 25 lojas bateram recordes em um único dia, com mais de 90% do que um dia normal em muitos casos”, diz o CEO da empresa, Rodrigo Albuquerque.
O e-commerce também foi outro segmento em que a rede de alimentação animal, que está presente no Brasil há apenas seis anos, adotou um ritmo mais acelerado de implementação. Em uma semana, a receita em vendas on-line aumentou em quatro vezes no faturamento global. Para isso, o presidente da empresa afirmou que as lojas físicas funcionarão como minicentros de distribuição no País, e que há capacidade de entrega de produtos para o período de dois meses, mesmo com a continuidade das medidas de restrição na circulação.
Quando a crise teve início no Brasil, cerca de 10% das lojas físicas da Petland estavam conectadas à rede estruturada pela companhia. Nesse período, a adesão triplicou e a expectativa é de que nos próximos dias pelo menos 70% das unidades da rede no País adotem o modelo de venda pela internet. Antes da crise, o plano era de plugar apenas 30 unidades no primeiro semestre. A agilidade da instalação da plataforma foi possível por conta de investimento da ordem de R$ 3 milhões no site Geração Pet, adquirido recentemente pelo CEO.
Mesmo com as novas oportunidades de crescimento, o presidente da rede de alimentação pet acredita que haverá revisão do faturamento projetado para 2020, que era de R$ 140 milhões. A perspectiva de abertura de lojas mudou para a implementação de licenciamentos, que significa colocar a marca da rede em um pet shop de bairro e usar o know how do grupo, sem necessariamente mudar de nome. Em 2019, a rede abriu 15 lojas e faturou R$ 115 milhões, cerca de 20% mais que os R$ 95 milhões registrados em 2018. “A maior parte de nossos franqueados é formada por pequenos empresários, que possuem uma ou duas lojas. E esse tem sido o momento de reforçar e apoiar a pequena empresa, para minimizar os impactos desse período de isolamento. E muitos donos de pet shops têm nos procurado justamente para pedir ajuda de como sobreviver a esse momento. Por isso, adotamos esse modelo de licenciamento”, afirma Albuquerque. Anteriormente ao coronavírus, o planejamento era de abrir 40 novas lojas, também pelo sistema de franquias, em cidades entre 100 mil e 200 mil habitantes.
Albuquerque diz que não haverá atraso significativo em um dos planos mais importantes da companhia neste ano, que é de fechar contrato com a matriz americana para assumir sociedade das operações no Brasil. “Temos ótima relação com os Estados Unidos e contribuído muito com ideias e propostas que são implementadas na rede até em outros países”. diz. “Criamos no Brasil uma marca própria de produtos para os pets, que podem ser adotados em outros lugares. Mesmo com a crise, estamos otimistas com a possibilidade de crescimento da rede.” Sobre essa projeção, ele afirma que ainda é prematuro chegar a esse resultado. “O empresário que não pensar dia por dia nesse momento de crise pode estar se precipitando. Mas estamos tomando todas as medidas para que tenhamos o menor impacto possível nesse período”, afirma Albuquerque. Se é para ficar em quarentena, que o animal de estimação também possa estar tranquilo para essa difícil travessia. E alimentado.
Fonte: IstoÉ Dinheiro