A Pernambucanas, varejista de moda, cama, mesa e banho e produtos de decoração, previa aumentar a receita em 9% no ano passado, mas cresceu 2,8%, para R$ 3,7 bilhões, segundo dados preliminares da empresa.
O desempenho ficou abaixo da inflação de 2018, de 3,75%, de acordo com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). E só foi obtido com a abertura de 28 lojas, aumentando a rede para 345 unidades em operação no país.
Apesar de ter fechado 2018 com resultados abaixo do esperado e de ainda não ver uma melhora no ritmo de crescimento do varejo, a Pernambucanas vai levar adiante o seu plano de expansão de lojas. A companhia tem como meta abrir entre 30 e 32 lojas neste ano. No foco estão a região Sudeste e o Rio Grande do Sul. Para 2020 e 2021, a varejista planeja uma expansão mais agressiva, chegando a 90 novas unidades no biênio.
“Após as eleições de outubro, houve uma melhoria da confiança dos empresários e dos consumidores. Essa expectativa tem sido mais forte do que a velocidade com que o varejo cresce e o nível de emprego melhora. Ainda assim, estou esperançoso de que o ano será melhor do que 2018”, afirmou Sergio Borriello, presidente da Pernambucanas.
A companhia ainda não concluiu o balanço do ano passado. O executivo disse que a receita da companhia em 2018 ficou em aproximadamente R$ 3,7 bilhões, o que representa um crescimento de 2,8% sobre a receita de R$ 3,6 bilhões alcançada no ano anterior. O resultado líquido não foi informado. Em 2017, a empresa teve lucro líquido de R$ 203,2 milhões.
A previsão no início de 2018 era crescer 9% em receita, mas o desempenho da companhia foi prejudicado pela greve dos caminhoneiros em maio, pela Copa do Mundo da Fifa, que tirou consumidores dos shoppings entre junho e julho, e a instabilidade política antes das eleições, que pesou sobre o consumo como um todo.
Para 2019, Borriello estima um crescimento nas vendas entre 5% e 6%, considerando apenas lojas abertas há mais de 12 meses. A companhia não divulgou o ritmo de vendas em “mesmas lojas” em 2018. “O mês de janeiro tem sido melhor que janeiro do ano passado. Para o ano, a expectativa é de resultados mais fortes, à medida que o novo governo aprovar reformas, como a da previdência”, disse o executivo.
Borriello também espera que algumas iniciativas da companhia adotadas em 2018 comecem a render frutos. Ele citou o início das vendas de relógios e óculos e o reforço da venda digital nas lojas. “Neste ano devemos ampliar a área de relógios e óculos nas lojas”, afirmou. O executivo acrescentou que a companhia pretende entrar nesta te ano na área de perfumaria e cosméticos, seguindo as iniciativas das concorrentes Renner, Riachuelo, Marisa e C&A.
A consultoria Euromonitor International classifica a Pernambucanas como loja de departamentos. Nessa categoria, a empresa ocupa a segunda posição em receita, com participação de mercado de 45,1%. À sua frente está a catarinense Havan, com 54,7% do mercado.
Em relação ao comércio eletrônico, que a companhia passou a ter em 2017, Borriello disse que a Pernambucanas planeja lançar neste ano a opção de comprar on-line e retirar o produto na loja. A rede já faz a venda on-line de produtos em suas lojas, e a mercadoria é entregue na casa dos clientes. A empresa usa 2,5 mil tablets que ficam com os vendedores. O executivo disse que as vendas on-line atingiram aproximadamente R$ 130 milhões em 2018, ante R$ 10 milhões no ano anterior. “Provavelmente neste ano o comércio eletrônico ainda terá um crescimento bastante forte”, disse, sem citar números.
Na área de pagamentos, a Pernambucanas vai oferecer, a partir de maio, uma conta digital para os consumidores com cartão prépago. A gestão das contas será fei- pela sua financeira, a Pefisa. A financeira, segundo Borriello, já tem autorização do Banco Central para administrar as contas.
A Pefisa administra os cartões da loja cobandeirados em parceira com a Elo. De acordo com o executivo, a empresa possui atualmente 5 milhões de cartões ativos, dos quais 1,5 milhão têm a bandeira Elo — os demais têm apenas a bandeira da Pernambucanas.
“A expectativa é que haja um aumento de 20% no total de cartões com a oferta do pré-pago. Vamos atingir um público que hoje não tem condição de ter um cartão de crédito, mas quer consumir”, afirmou Borriello.
A Pernambucanas ainda estima para este ano ganhos de receita com a área de projetos imobiliários. Em 2017, criou a Alinc, subsidiária focada na administração de imóveis do grupo. Em 2018, a empresa previa lançar nove empreendimentos, mas fechou o ano com dois.
Um deles é o Carapicuíba Offices, prédio comercial com 116 salas, construído no mesmo terreno de uma loja do grupo em Carapicuíba (SP). Borriello disse que a empresa vendeu 60% do empreendimento e deve começar as obras de construção até o fim deste mês.
A Alinc também lançou no fim de 2018 um prédio comercial com 21 andares e 94 salas em Chapecó (SC). Borriello disse que 20% das salas foram vendidas e as obras devem começar em julho. A empresa deixou para o primeiro semestre deste ano três lançamentos: um conjunto residencial no bairro do Brooklin, na zona sul de São Paulo, outro em Pinheiros, na zona oeste da capital paulista, e um prédio residencial em Ourinhos (SP).
Fonte: Valor Econômico