Reinvencionista. Esta é a profissão de Joe Jackman, CEO da Jackman Reinvents – uma empresa cuja especialidade é, literalmente, reinventar negócios. Ele é o homem por trás de grandes reinvenções, como a da Walgreens, e esteve nesta manhã (27) no BR Week 2017, o maior congresso de varejo do País, que acontece nesta semana, em São Paulo.
Falar em reinventar negócios em meio à crise e notícias ruins parece loucura, mas não é. “Na verdade, é um momento interessante para o Brasil. O País está uma bagunça, mas há oportunidades”, afirmou Jackman. “Mas vamos deixar a bagunça de lado e focar no negócio e pensar sobre o novo e sobre a mudança”, convidou o especialista.
Olhar a empresa, é como olhar para uma estrada que leva para dois caminhos, exemplifica o especialista. O varejista pode olhar para um lado e se apegar ao passado ou escolher outro caminho, rumo ao futuro. “Varejistas geralmente são bons em fazer mudanças e tentar coisas novas, mas sempre o fizeram sem grandes riscos e devagar, mas o mundo hoje exige uma grande mudança por parte das empresas e não dá mais para investir e ir para frente sem dar grandes passos, sem arriscar”, afirma. “Esse é o momento da mudança”, diz.
Toda mudança é necessária
É justamente em meio à recessão econômica que empresas inovadoras encontram oportunidades para serem disruptivas. Mais do que enxugar custos, e obter melhores negociações com fornecedores, crises exigem das empresas uma mudança mais profunda para captar a atenção do cliente. Ao contrário do que parece, contudo, reinventar não é jogar fora o passado da empresa e começar do zero. “Não é começar de novo. É pegar o que você é, a habilidade que você tem e criar uma versão melhor de você e da sua empresa”, explica.
A ideia, segundo o especialista, é criar uma versão única. “Você quer ser considerado único, de ser a única empresa a fazer o que você faz. Isso é inspirador”, diz. “Você não deve ser visto como mais um competidor, se for assim os consumidores não vão querer estar com você”, afirma.
Mudar não é tão simples assim, mas começa com um passo bem mais simples do que essa frase: é preciso querer mesmo. “A gente não gosta de mudar. Pessoas não gostam de mudar. E esse é um desafio. A gente não pode deixar que o passado prejudique o futuro. Mudar é difícil, mas ser irrelevante é mais difícil ainda. É uma escolha”, afirma. Ficar inerte à mudança, por medo de mudar ou por qualquer outro motivo, pode resultar em danos irreversíveis. “O consumo global está movendo para um lado e a barra está cada vez mais alta e é preciso entender o negócio, o consumidor e seu mercado”, diz.
As perguntas certas
Jackman lista mudanças importantes no cenário que obriga o varejo a efetivar as mudanças, como o crescimento do varejo online; novas possibilidades de fazer entregas; a mobilidade como ponto de crescimento; o comportamento do consumidor. “Existem empresas com legado que começam a se questionar se precisam de tantas lojas, por exemplo”, diz.
Para mudar, é preciso fazer perguntas sobre o próprio negócio e o próprio modelo, afirma. “Dados mostram que os principais competidores jogam o mesmo jogo e quando você avalia seu negócio e encontra um ponto de diferenciação, você começa a ganhar o jogo”, afirma.
O fato é que pequenos negócios promovem grandes disrupções e aumentar a velocidade de mudança é imprescindível. “E essa é a primeira pergunta. Seja honesto com você e questione se você é o disruptor ou a empresa que vai sofrer com a disrupção”, avalia.
Pensar sobre o negócio e sobre como a marca se posiciona e o que e como ela entrega esse posicionamento entra no pacote das grandes perguntas a serem feitas. “Pense sobre o quão bem ou não você articula sua marca e o que estamos fazendo aqui”, afirma Jackman.
Analisar e verificar o quanto de mudança é preciso ser feita é outra questão. “Se você não sabe o que o seu consumidor quer, é preciso começar por aí para verificar o que é preciso mudar”, explica. “Podemos redefinir nosso território e precisamos verificar o nosso real potencial de crescimento”, completa.
Olhar o consumidor é, segundo o especialista, o primeiro grande passo para reinventar um negócio. “O consumidor quer mais conveniência, quer uma escolha real e precisamos oferecer serviços. E eles querem, sobretudo, transparência. Eles não querem ser enganados. Temos de entregar a verdade e isso assusta. Eles querem personalização e se você não tiver um programa de fidelidade que lhe dê dados reais é difícil fazer isso. Eles querem uma relação recíproca”, explica.
Sem olhar para esse ponto, afirma, é difícil se reinventar. “A barra está continuamente subindo e as pessoas estão gastando mais com experiência do que com produtos. Estamos na economia da experiência – é onde o dinheiro está indo. O único jeito é não ser distraído pela economia, porque mudar não é adivinhar o futuro, mas criá-lo. Se você não fizer isso, alguém o fará”, afirma.
Fonte: Novarejo