O varejo brasileiro volta a sofrer com elevação no índice de perdas. No setor de supermercados, a representatividade foi de 2,05% em relação ao faturamento bruto em 2018, de acordo com dados divulgados pela Associação Brasileira de Prevenção de Perdas (Abrappe). Na pesquisa anterior, referente a 2017, esse percentual era de 1,94%.
As perdas no setor supermercadista são as mais elevadas de todo o chamado comércio restrito, que considera os diferentes segmentos do varejo, exceto veículos e materiais de construção, e cuja média geral é de 1,38% em relação ao faturamento. Além dos supermercados, farmácias e comércio de itens esportivos também fecharam 2018 com níveis piores do que a taxa média de todo o comércio restrito.
Razões do problema
A nova edição da pesquisa da Abrape demonstra que as perdas correspondem a R$ 21,5 bilhões das vendas de todo o comércio restrito. A incidência mais comum é de quebras operacionais, com 36% de representatividade. Logo depois aparecem os furtos, sejam eles externos ou internos (31%). Erros administrativos e de inventário também são relevantes, respondendo por 22% da incidência de perdas no varejo brasileiro. Fraudes de terceiros representam 6% das incidência, enquanto o grupo que agrega diversos outros problemas completa o total desperdiçado.
Em 12 meses, houve avanço de 7% nas incidências de furtos e nas mercadorias que não são vendidas antes de estragar ou estourar o prazo de validade, acabando descartadas. “No fim de 2018, criou-se uma expectativa favorável para economia, muitas empresas investiram num volume maior de estoque, porém a venda não aconteceu de acordo com o esperado”, analisa Carlos Eduardo Santos, presidente da Abrappe.
No Sul do Brasil, a rede de supermercados Condor é uma das empresas que enfrentou esse problema. Por lá, as perdas totais cresceram 13% em 2018, grande parte em setores de perecíveis como FLV e açougue. De acordo com o controller Eder Motim, 40% das perdas na empresa ocorreram em razão de aposta em um volume de vendas que não avançou da maneira esperada. Os outros 60% se devem a furtos e a problemas no recebimento de produtos, nesse caso com destaque para eletrônicos como celulares e televisores.
Na avaliação da Abrappe, o crescimento da economia informal no país contribuiu para a elevação dos furtos, uma vez que muitas mercadorias são receptadas por quem vende na informalidade.
Fonte: S.A. Varejo