Maior plataforma de ofertas locais de e-commerce para serviços no Brasil, o Peixe Urbano acaba de lançar uma novidade que facilita a vida das pessoas. É a carteira digital Peixe Pay, que permite o pagamento de contas via QR code, alternativa que substitui o uso de cartão de crédito. Segundo o CEO da companhia, o gaúcho Ilson Bressan, além de oferecer uma inovação, o Peixe Urbano está se antecipando a uma mudança de mercado no Brasil que será adotada pelo Banco Central no final do ano que vem, que é a transferência instantânea do pagamento via cartão de crédito para o estabelecimento. Hoje, há uma demora de 30 dias. Nesta entrevista, Bressan fala também das outras atividades da empresa e a mudança da sede do Peixe Urbano do Rio de Janeiro para Florianópolis.
O que motivou o lançamento da carteira digital Peixe Pay?
O que motivou foi a necessidade que o Peixe Urbano tem de inovar permanentemente. O nosso DNA, desde a fundação da empresa, é de inovação e, neste momento, a gente está aproveitando a onda das carteiras digitais (wallets) para lançar uma plataforma nova para os nossos parceiros e novos produtos aos nossos usuários. O nosso objetivo é continuar impactando usuários e parceiros de uma maneira mais intensa, é ser cada vez mais relevante para eles. No momento, temos um modelo que é o do vaucher (cupom) e a gente quer ampliar isso com mais transações para que o usuário utilize o Peixe Urbano várias vezes na semana. A intenção é ser relevante e continuar inovando para parceiros e usuário.
Como essa carteira funciona?
Ela funciona através de pagamentos pela leitura de QR Codes. Pelo smartphone a pessoa acessa o aplicativo do Peixe Urbano e numa área específica de pagamento, é possível informar o valor da conta ou ler um QR Code do estabelecimento que diz o valor a ser pago. Aí, através de um clic, a pessoa autoriza o pagamento. Dentro do ap do Peixe urbano há a funcionalidade de pagar essa conta. Até o final do ano, vamos lançar um aplicativo separado com esses novos produtos. Basicamente, é um jeito mais simples de pagamento, sem ter que sair de casa com a carteira. Na carteira digital você pode ter crédito do Peixe Urbano, o seu cartão de crédito ou débito vinculado e aí é um jeito mais simples de pagar a conta com a leitura de QR Code.
O que motiva a onda de wallets?
O pano de fundo desse movimento de carteiras digitais é um incentivo do Banco Central para que a gente simplifique o processo de pagamento no Brasil. O BC atua em duas frentes. Uma visa simplificar e baratear o acesso ao crédito no Brasil, tarefa que é mais dos bancos. Mas há outra frente importante que é a de sistema instantâneo de pagamento. Esse esforço do BC vem para simplificar o jeito como as pessoas pagam e os estabelecimentos recebem os pagamentos. Hoje, por cartão de crédito, a loja leva 30 dias para receber. Se ele quiser receber esse dinheiro no dia seguinte, paga uma taxa alta. O BC já definiu regras para que a partir do final de 2020 entre em vigor o sistema de pagamento instantâneo no Brasil. Isso vai simplificar e baratear a forma de pagar contas. O que o Peixe Urbano está fazendo é se antecipando a isso para que os nossos clientes se acostumem com essa tecnologia. Talvez, levar uma carteira de couro no bolso já está fora de moda. Vamos sair de casa só com o smartphone. Em algum momento, a gente não vai mais precisar levar a chave do carro. Eu mesmo saio com carteira digital no smartphone e cartão de crédito. Mas com o app do Peixe também não precisa mais levar o cartão. A tela do meu smartphone é um QR code. Com a carteira Peixe Pay também vamos oferecer outros benefícios aos usuários.
O Peixe Urbano é uma plataforma de vendas locais de serviços. O que é mais procurado nesse tipo de e-commerce?
No Brasil a gente atua mais com serviços locais e viagens. Nos serviços locais, as categorias de gastronomia e entretenimento são as mais relevantes. São categorias em que o usuário pode comprar mais vezes com o Peixe Urbano. No caso de entretenimento há shows, cinema, estética, viagens, hotéis e pousadas e gastronomia. Nossas vendas são 60% concentradas em gastronomia e entretenimento. São categorias para o dia a dia das pessoas. Oferecemos as opções de tempo – pagar mais rápido, ou de custo – pagar mais barato. A gente vive uma hera de otimizar recursos. Queremos tornar mais eficiente os recursos que os clientes têm, que são tempo e dinheiro. Isso impacta positivamente esse ecossistema, gerando riqueza para o usuário e o parceiro.
Vocês trabalham só com serviços no Brasil?
Sim. Não trabalhamos com produtos. Mas existe uma vertical de produtos da empresa nos países latinos. No Chile somos reconhecidos como o primeiro e-commerce do país e a gente transaciona produtos, desde Coca-Cola, fralda, até um smartphone. Na Argentina e na Colômbia também atuamos com produtos. No Brasil, preferimos focar em serviços porque somos líderes, e existem outras empresas que atuam com e-commerce de produtos. Esse é um mercado muito competitivo, que preferimos não entrar.
E no caso de viagens, o que oferecem?
Oferecemos dois tipos de viagens. Umas são as de finais de semana, em hotéis e outros equipamentos próximos com experiências próximas de grandes centros. Essa é a maior parte da nossa venda. A outra parte são pacotes de viagens, que hoje estão mais voltados a destinos nacionais porque o dólar está mais caro. No exterior, oferecemos os destinos mais populares.
A Peixe Urbano mudou do Rio para Florianópolis no início de 2017 em função do ecossistema de inovação local. Ele está correspondendo com as expectativas?
A gente está muito feliz aqui. O que a gente esperava de um sistema de inovação as expectativas foram cumpridas. A gente tem um excelente relacionamento com a Associação Catarinense de Tecnologia (Acate), a gente conhece as empresas desse ecossistema. A gente está super feliz com o setor de tecnologia, com a forma como a cidade nos recebeu, também contratamos muitas pessoas daqui, mas muita gente veio das suas cidades, especialmente do Rio e São Paulo e estão bem aqui. Além disso, estamos sempre fazendo algo com o Senac, o Senai, as universidades. Então o nosso time está bastante integrado.
Como é a atuação do Peixe Urbano no exterior?
Estamos em seis países, Brasil, Chile, Argentina, Peru, Colômbia e México. A partir de janeiro estaremos unificando a marca. São operações que integram a empresa desde a fusão que fizemos com o Groupon Latam (no final de 2017). O produto ofertado é similar ao que temos no Brasil, com a diferença de que aqui vendemos produtos também. São países de cultura diferente, mas o produto que oferecemos é o mesmo. Vamos unificar a plataforma tecnológica. São culturas diferentes, mas temos um lema para a América Latina: Somos um. É muito rico conhecer a cultura de cada país.
O que facilita e o que dificulta o e-commerce no Brasil?
O que facilita é uma adaptabilidade do brasileiro para experimentar novas tecnologias, novas coisas. Um empecilho que temos no e-commerce tem a ver com a extensão do nosso país e a logística deficiente. A gente não consegue fazer a entrega no mesmo dia ou no dia seguinte. A gente tem um período longo e um custo de logística associado muito alto. Afora isso, temos uma carga tributária bastante elevada. Muitas vezes, você tem que enviar um produto de um Estado para outro e a complicação de tarifas é um dificultador. Se a gente simplificasse a tributação e melhorasse a infraestrutura, o e-commerce no Brasil cresceria em taxas mais altas. Mesmo assim, cresce bastante. Este ano vai crescer a uma taxa de 16%. Já está em R$ 80 bilhões transacionados. É bastante coisa. Mesmo assim, quando a gente compara com outros países, a gente tem uma oportunidade enorme crescimento do e-commerce no Brasil. Eu aposto em crescimento de dois dígitos do setor no país, na próxima década.
Como o Peixe Urbano investe em inovação?
A gente respira inovação, temos um histórico de criar coisas novas, mas a gente tem dedicado recursos não só em tecnologia, mas também em marketing e comercial. A gente inova não só do ponto de vista do produto que a gente oferece ao usuário e do comercial, mas a gente tem um processo de inovar todo o dia. Isso passa pela cultura da empresa. A gente se provoca sempre sobre como algo pode ser melhor. O exemplo do Peixe Pay é uma boa prova de como a gente consegue ler o mercado, criar uma tecnologia que simplifica para o usuário e, ao mesmo tempo, atender a expectativa de um mercado que quer simplificar crédito, simplificar pagamentos e, também, criando novos produtos e soluções acopladas a essa carteira digital. Para inovar é preciso questionar o “status quo” a todo o momento: o que podemos fazer melhor? O que está bom, pode ser excelente e o que está excelente, pode ser ainda melhor, excepcional. É esse o jeito do peixe que nos leva para a frente.
No ano que vem, em agosto, entra em vigor a Lei Geral de Proteção de Dados. Como o Peixe Urbano está se preparando?
A gente tem dedicado bastante esforço da equipe de engenharia, de conhecimento, para fazer a nossa adaptação à Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). Nós temos um respeito grande com os dados. Esse é um marco importante, respeitamos muito os dados dos nossos usuários, temos políticas bastante claras na preservação dos direitos do consumidor, mas, apesar disso, estamos nos adaptando à nova lei. Como se trata de uma lei nova, acreditamos que pode ter muitas coisas a serem esclarecidas à medida que for implantada. Precisamos ver como será a aplicação. Geralmente, o judiciário precisa de um tempo para se adaptar, criar um tipo de jurisprudência que consiga ser aplicada a vários casos. A LGPD é um marco importante, estamos adaptados, mas a gente segue melhorando o nosso relacionamento com o consumidor, tanto no mundo digital, quanto off-line.
Fonte: NSC