Rede tem apostado em parcerias com Netflix e até com empresa de whey protein. Sobremesas congeladas para supermercados devem sair ainda neste ano
A rede de restaurantes Paris 6 inicia uma nova fase em sua trajetória, com foco especial na expansão de franquias e licenciamentos, mas sem descuidar da parte criativa, que faz parte do DNA da marca. O fundador, Isaac Azar, continua à frente dos três restaurantes próprios da marca, na região dos Jardins, em São Paulo — em um conceito de flagship —, e o empresário Fernando Dottore, CEO do grupo EMFC, é o novo responsável pela administração das franquias e dos restaurantes licenciados. Com isso, o objetivo é dobrar o número de endereços em 2022 e aumentar a participação da marca em parcerias e criações autorais.
Em entrevista a PEGN, Azar explica que os três restaurantes que permanecem sob sua gestão servem como um laboratório de novas receitas e parcerias, que podem ser estendidas às franquias e aos restaurantes licenciados. Dottore é o responsável por repassar ao empreendedor as informações centralizadas referentes às outras unidades.
Hoje, além das flagships, a rede opera com o Paris 6 Petit Bistrô — que são os restaurantes menores, feitos para crescimento com franquias em shopping centers, com vitrine de doces e uma versão reduzida do menu autoral de Azar —, e o Paris 6 Bistrô, casas um pouco maiores, para espaços de rua e que crescem com licenciamento.
Em 2021, a empresa inaugurou cinco unidades, no total, sendo duas licenciadas, em Curitiba (PR) e Espírito Santo (ES), e três franquias no estado de São Paulo. Para o primeiro semestre, a meta é inaugurar franquias já negociadas, que estão em fase de construção em Maringá (PR), Maceió (AL) e nas cidades paulistas de Santos, Santa Bárbara d’Oeste e Cotia. Dois shoppings da capital paulista também já estão com negociações avançadas para receber franquias.
Atualmente, o Paris 6 já tem 26 restaurantes em operação em todo Brasil. Para este ano, a meta é fechar mais 20 contratos, e a região que tem chamado a atenção do grupo é o Nordeste, principalmente para a instalação do modelo de licenciamento. A rede já tem estabelecimentos ativos em Salvador e Fortaleza, mas Recife e Maceió são alguns dos alvos para a expansão.
Já as franquias em shopping centers devem continuar crescendo na Grande São Paulo e no interior do estado, por uma questão logística, segundo Azar. O investimento inicial para quem quer ser um franqueado da marca é a partir de R$ 1 milhão.
Apesar do ritmo acelerado de inaugurações, o empreendedor precisou rever estratégias e voltar algumas casas no tabuleiro no ano passado. Os restaurantes Paris 6 Burlesque, em São Paulo, que combinava shows e jantares, e a unidade de Ipanema, no Rio de Janeiro, fecharam as portas. “Em compensação temos casas que estão muito bem, como a de Curitiba, que deve fechar o ano faturando R$ 10 milhões”, diz.
No ano passado, a rede registrou um crescimento de 79% sobre o prejudicado resultado de 2020. Já para este ano, a receita de todo o grupo deve ser em R$ 150 milhões, e ultrapassar o pré-pandemia.
Parcerias com Netflix e marca de whey protein
Com mais tempo para focar na criação, Azar conta já ter adicionado 20 novos pratos ao cardápio das flagships nos últimos três meses — nem todos foram para as franquias. “Geralmente testamos por 15 dias e aí avaliamos se continuamos com o prato e se estendemos para a rede.” A maior dedicação e a flexibilidade do cardápio digital foram alguns dos pontos que favoreceram a ampliação. De acordo com ele, uma das novas sobremesas, o Grand Gateau de panela, já se tornou um hit, rendendo diversas variações de sabores.
Além das criações autorais, o restaurante também aposta em collabs, como o bolo de chocolate com flor de sal feito em parceria com a Netflix para a promoção da segunda temporada da série “Emily em Paris”. O doce continua no cardápio, e a repercussão deixou Azar com apetite por mais negócios parecidos. “Isso é fruto de separar a marca da operação, manutenção e expansão da rede”, afirma.
Mais parcerias e novos canais de venda já estão no forno para este ano, como a família de produtos de whey protein gourmet, em colaboração com uma rede de suplementos alimentares, que serão vendidos nas lojas da marca, supermercados e farmácias. As tradicionais sobremesas do Paris 6 também ganharão uma linha de congelados para supermercados.
Antes da pandemia, Azar não era um entusiasta do modelo de delivery para suas lojas, e a justificativa era que os espaços são criados para proporcionar uma experiência imersiva. No entanto, com o fechamento integral dos espaços em 2020, ele precisou se render ao canal e chegou a ter resultados expressivos, principalmente em datas como o Dia dos Namorados.
Com a reabertura completa dos restaurantes e o avanço da vacinação, o delivery representa cerca de 15% do faturamento das flagships, mas não é prioridade. “Hoje está mais bem estruturado, mas se tornou muito mais institucional do que um negócio em si. É uma operação de prejuízo, com taxas altas das plataformas e embalagens. Não é rentável, mas é importante manter.”