Fatores ligados à família e à religião estão no topo da importância para a população local. Simplicidade e desapago começam a ganhar força, aponta pesquisa da Abbott
Para o brasileiro, viver bem passa muito distante dos prazeres do consumo. Pelo contrário, o desapego, impulsionado pelo movimento low consumerism, que aos poucos ganha cada vez mais corpo no país, faz parte de um dos pilares que sustenta a expressão “viver ao máximo” no Brasil. Enquanto algumas marcas ainda insistem em estimular a compra a qualquer custo, os consumidores estão mais preocupados em envelhecer bem, acumular experiências, ter saúde e aproveitar o agora.
Estas constatações fazem parte da pesquisa “O que é para o brasileiro viver ao máximo?”, realizada pela Abbott em parceria com a Editora Abril, com o objetivo de entender quais os anseios da população. Foram entrevistados mais de cinco mil pessoas de todo o país, de todas as classes sociais, faixas etárias e níveis de escolaridade. Pouco mais da metade (52%) disse que está satisfeita com a vida atual. Apenas 8% estão totalmente insatisfeitos e, na média, a pontuação – de zero a 10 – ficou em 7,3.
Como uma indústria farmacêutica, a Abbott queria entender não só sobre Vida ao Máximo, mas também quanto o fator saúde era importante. “De fato, 75% da população acredita que saúde é realizador. E entre os impeditivos estão fatores mais ligados ao comportamento como sedentarismo, estresse, falta de condicionamento físico e sobrepeso”, comenta Marcos Leal, Diretor de Marketing Corporativo da Abbott para a América Latina, em entrevista ao Mundo do Marketing.
Plena satisfação
Todos os fatores negativos que afastam o brasileiro da boa saúde em longo prazo podem contribuir para o desenvolvimento de doenças. “Neste sentido, a empresa pode trabalhar essa primeira necessidade, dar visibilidade do problema e entregar produto no final. Este é um fluxo que entrando na narrativa do paciente e a companhia não visa apenas na ponta, mas tem que trabalhar todo o ciclo de vida dele”, pondera Leal.
A satisfação plena com a vida familiar e afetiva interfere na avaliação positiva, mas para alguns não estar bem afetivamente, com o corpo ou com o trabalho, contribui para a insatisfação. “Os homens acima dos 40 anos são os mais satisfeitos com a vida atual, principalmente em relação à família. As mulheres levam mais tempo para se sentirem realizadas neste quesito. Isso pode ser compreendido se pensarmos em vários fatores como a pressão da sociedade e a falta de tempo por conta do dia a dia corrido na cidade”, comenta o Diretor de Marketing Corporativo.
O dado é importante para a companhia estabelecer seu posicionamento, suas comunicações e ainda desenvolver portfólio, uma vez que a mulher exerce forte influência na família no quesito saúde. Para elas, o conceito “viver intensamente” está fortemente relacionado a experiências como viagem e autoconhecimento. Além disso, em geral, as mulheres estão mais insatisfeitas com o corpo, relacionamentos amorosos e a profissão.
Otimismo em relação ao futuro
Entre os homens, a insatisfação com a vida amorosa também se destaca, assim como o desconforto com o corpo. No entanto, eles estão mais satisfeitos com a espiritualidade do que elas, o que pode justificar o fato deles estarem mais realizados atualmente do que elas. Para os homens, “viver ao máximo” está mais relacionado a maior autoconhecimento, saúde e bom envelhecimento.
Apesar das mulheres parecerem mais críticas, já que mostram estar menos satisfeitas com a vida atual, elas ainda seguem mais otimistas em relação ao futuro do que os homens. Como a rotina acelerada da vida moderna faz com que as pessoas desempenhem mais atividades e desperdicem mais tempo se locomovendo, ter tempo e aproveitá-lo virou objetivo dos brasileiros. Entre os principais planos para os próximos cinco anos estão Viajar Mais (79%), Ter Saúde Plena (61%), Mais Lazer (60%) e Estar mais com a Família (58%).
Os homens acreditam ainda que a falta de dinheiro é uma das principais dificuldades para alcançar a vida plena. No entanto, a falta de tempo e o excesso de burocracia também são outros importantes impeditivos. Para eles, a representação de “viver ao máximo” é melhor traduzida em felicidade e também com imagens de momentos em família.
Características regionais
Além de apontar especificações por gênero e faixa etária, o estudo também destaca características por região do país. A população do Norte se mostra mais resiliente e corajosa para realizar o que quer. Eles cuidam mais da espiritualidade e aproveitam o tempo livre para estudar. Estão mais satisfeitos profissionalmente e otimistas em relação ao futuro. Entre as personalidades apontadas estão Neymar, Luciano Huck e Papa Francisco.
Os nordestinos são bem parecidos com os nortistas. A palavra de destaque entre eles é plenitude e as áreas da vida importante para viver ao máximo são: trabalho, vida afetiva e espiritual. Os moradores do Ceará se destacam por viverem um pouco mais ao máximo e na Bahia estão mais satisfeitos com a espiritualidade. Entre as barreiras estão a falta de condições de moradia, transporte e segurança. Entre as personalidades, o destaque fica para Ivete Sangalo na Bahia e Silvio Santos.
No Sudeste a principal barreira é a falta de tempo, que aparece como um impeditivo para que os consumidores vivam da maneira como realmente gostariam. Entre as personalidades que se destacam estão o jogador Neymar e o apresentador Luciano Huck. No Centro-Oeste, o foco é ter boa saúde para ultrapassar os limites. Para os moradores dessa região, viver ao máximo é celebrar conquistas com pessoas especiais. As personalidades apontadas são Angelina Jolie e Ivete Sangalo. No Sul, há destaque para a satisfação com a vida afetiva, principalmente no Paraná. Atualmente, eles cuidam mais da saúde para viver melhor e a personalidade proeminente é o Papa Francisco.
Pilares para viver bem
Apesar de não haver uma receita pronta para alcançar a felicidade, o conceito de “viver ao máximo” está atrelado a quatro pilares que fazem a diferença na vida do brasileiro: autoconhecimento, saúde, envelhecimento pleno e relacionamento. O estudo aponta que o brasileiro vive em função do significado de vida, o aqui e agora. Para ele, os ingredientes principais para alcançar a plenitude são o envelhecimento com vitalidade, saúde e relacionamento, bens que não podem ser levados.
Apenas 39% dos brasileiros afirmaram que vivem ao máximo nos dias de hoje. Entre os que ainda não alcançaram os fatores impeditivos estão: dinheiro, tempo e burocracia. Apenas um quarto dos respondentes mencionaram a saúde como uma barreira. Apesar do levantamento ter sido realizado no segundo semestre de 2015, no meio da recessão econômica, os brasileiros se mostraram otimistas em relação ao futuro. Os planos para os próximos anos não estão focados em dinheiro ou carreira, mas estão ligados à busca pelo prazer, viagens e lazer, sempre com saúde e valorizando a família.