Por Adriana Mattos | O GPA, dono na rede Pão de Açúcar, fechou a venda dos imóveis que compõem a sua sede administrativa, no bairro dos Jardins, em São Paulo, por R$ 218 milhões, num movimento que aproxima mais a empresa da conclusão de seu processo de venda de ativos para desalavancagem. O Valor apurou que os compradores foram a Tellus Properties e Frederico Von Ihering Azevedo, do grupo GVI. Do valor total, 82% será pago em 2024 e 18% em parcelas até março de 2026.
Os R$ 218 milhões foram divididos em duas transações, de R$ 109 milhões cada. Uma envolve uma operação de “sale and leaseback” da torre administrativa — a companhia vende o imóvel mas o aluga do novo proprietário — no valor de R$ 109 milhões. O contrato de locação da sede ao GPA pelo comprador tem prazo inicial de 15 anos e um “cap rate” aproximado de 9%.
O segundo acordo trata-se de um compromisso de compra e venda no qual a varejista passa a alienar, definitivamente, a área anexa à torre administrativa, também no valor total de R$ 109 milhões.
A operação faz parte do plano de redução do endividamento do grupo, iniciado em 2023, “contribuindo para a redução da dívida líquida e reforço da sua estrutura de capital”, diz a empresa no fato relevante.
No fim do ano passado, pelas contas do comando, em transações já realizadas e anunciadas até então com ativos do grupo, foram R$ 1,4 bilhão em dinheiro novo.
Esse processo de desalavancagem da companhia ganhou força no ano passado, mas a empresa vem há anos revendo seus ativos, levando, inclusive a uma redução de seu tamanho. Isso já envolveu a venda de lojas a fundos imobiliários também no modelo “sale leaseback”.
No início das negociações, fundos que analisaram a sede consideravam o preço pedido pelo GPA alto, na faixa de R$ 250 milhões, segundo fontes na época. Propostas muito abaixo desse patamar foram descartadas.
Com esse acordo anunciado hoje, a empresa está mais perto de finalizar seu plano de redução do endividamento por meio de ativos próprios, faltando apenas as negociações envolvendo 70 postos de combustível da companhia, que operam hoje nas lojas do Extra vendidas pelo GPA ao Assaí. As conversas já estão em curso e a expectativa é que ocorra uma venda “fracionada” dos postos porque eles estão pulverizados pelo país.
Em São Paulo e no Rio de Janeiro pode haver uma venda em um bloco maior de unidades — esses locais concentram uma boa parcela dos postos.
No começo do ano, a empresa disse que a venda da sede e da área de postos poderia gerar em caixa de R$ 400 milhões a R$ 450 milhões. A intenção do GPA é chegar ao fim do ano com uma relação entre dívida líquida e lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação na faixa de duas vezes, sendo que hoje, num cálculo de analistas, após a oferta de ações da rede semanas atrás, essa relação estava em torno de 3,8 vezes, considerando arrendamentos.
Fonte: Valor Econômico