Por Daniela Braun | Reduzir o nível de endividamento em um cenário de juros altos é a meta da rede de farmácias Panvel e da maioria de seus concorrentes este ano.
“Mesmo com as dificuldades macroeconômicas que estamos enfrentando, abril foi um mês interessante”, disse hoje Julio Mottin Neto, diretor-presidente do Grupo Panvel, em teleconferência com analisas sobre o balanço da companhia no primeiro trimestre.
O grupo, dono das farmácias Panvel, da Dimed distribuidora e do laboratório Lifar, encerrou o primeiro trimestre com dívida líquida de R$ 161,1 milhões, ante dívida de R$ 43,7 milhões no mesmo período de 2022.
Segundo a companhia, o aumento do endividamento no primeiro semestre é um efeito sazonal esperado, e a expectativa é encerrar 2023 com uma alavancagem menor do que a observada no quarto trimestre de 2022 (R$ 77,5 milhões).
A empresa informou nesta quinta-feira (11) que trabalha para chegar ao fim do ano com níveis de alavancagem inferiores ao patamar do quarto trimestre de 2022. “O crescimento da alavancagem está dentro da expectativa”, disse Antônio Napp, diretor financeiro e de relações com investidores da Panvel.
Negociar o prazo médio de pagamento para três dias junto aos fornecedores é uma das táticas da empresa este ano. Até o fim do ano, a expectativa é reduzir a atual alavancagem de 0,8 vezes o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) registrada no primeiro trimestre, para 0,4 vezes o Ebitda, informou a companhia.
“A baixa alavancagem financeira é uma oportunidade de manter o ritmo de crescimento, mesmo com juros altos”, comentou Mottin Neto.
Napp acrescentou que a empresa tem “muita segurança para continuar crescendo e investindo, o que faz muita diferença em um cenário de alta de juros que estamos vivendo e que devemos viver por algum tempo”.
O diretor de RI ainda sinalizou que o desafio de reduzir o endividamento não será simples para o setor. “Acreditamos que alguns concorrentes vão ficar pelo caminho este ano”, projetou.
Meta de expansão
Ampliar as vendas em canais digitais, especialmente por WhatsApp, expandir a receita com serviços por meio de exames de análises clínicas e expandir a presença em novas praças estão entre as metas da rede de farmácias Panvel para 2023.
“A RD é uma exceção como caso de sucesso, mas não atrapalha nossa meta de expansão”, disse Julio Mottin Neto, diretor-presidente do Grupo Panvel, em teleconferência com analistas, referindo-se à concorrente Raia Drogasil.
Até o fim do ano, a Panvel pretende abrir lojas em dez novas praças no país.
Nos últimos meses foram abertas 59 lojas, sendo 14 novas lojas no primeiro trimestre, número de novas lojas que tem sido constante nos últimos três trimestres. Entre janeiro e março, a empresa fechou três lojas.
A Panvel informou ter elevado em 10% as vendas em mesmas lojas (SSS, na sigla em inglês) e em 6,2% para lojas maduras — abertas há mais de três anos — no primeiro trimestre, em relação aos três primeiros meses de 2022.
Mottin Neto destacou oportunidades de crescimenrto nas vendas de medicamentos genéricos e de não-medicamentos, este ano, bem como da receita com serviços relacionados a exames de análises clínicas nas farmácias.
No início do mês, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou uma norma que permite a realização de exames de análise clínica em farmácias e consultórios.
A Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) nº 786/2023, publicada ontem pela Anvisa, entrará em vigor em 1º de agosto de 2023.
O diretor-presidente também destacou a ampliação das vendas por canais digitais e a redução dos prazos de entrega pelas lojas da rede.
“O WhatsApp é o canal oficial de vendas digitais e terá mais relevância”, comentou Motin Netto sobre o aplicativo de mensagens da Meta, que encontrou aderência nas vendas ao público da terceira idade.
Uniformizar o prazo de entrega de encomendas on-line para até 30 minutos em todas as praças é outra missão da empresa. “A entrega em até 30 min será completa no segundo semestre”, informou o diretor-presidente.
As vendas por canais digitais representaram 17,9% das vendas da Panvel no primeiro trimestre, ante 15,5% no mesmo período de 2022.
A companhia destacou que segue ampliando a participação de mercado na região Sul.
“Com todo respeito aos nossos concorrentes, mostramos consistência na participação de mercado”, destacou Antônio Napp, diretor financeiro e de relações com investidores da Panvel.
Na região Sul, a Panvel registrou participação de 11,7% no primeiro trimestre, ante 11,5%, um ano antes.
As vendas de produtos de marca própria representaram 7,3% do total vendido no primeiro trimestre, ante 7,7% no mesmo período de 2022.
Excluindo itens relacionados à covid-19, a empresa informou que houve alta de 21,3% nas vendas de produtos Panvel.
Fonte: Valor Econômico