Com 370 lojas na Região Sul e faturamento anual de R$ 2 bilhões, rede gaúcha Panvel também é dona de laboratório de higiene e beleza e distribuidora de medicamentos; na contramão da crise, espera acelerar a expansão, com 50 novas unidades previstas para 2017.
Criada há 43 anos a partir da união de dois negócios familiares do Rio Grande do Sul – a Panitz e a Velgos –, a rede de farmácias Panvel vai colocar os pés em São Paulo na semana que vem. O grupo, que fatura R$ 2 bilhões por ano, vai usar a loja – que terá 370 metros quadrados de área – para planejar a expansão no Estado, que deverá ganhar velocidade a partir de 2018.
Apesar de ter mais de quatro décadas de tradição, sem contar a história das empresas que lhe deram origem, a Panvel só começou a crescer de forma expressiva fora de terras gaúchas a partir de 2010. Hoje, tem 370 lojas na Região Sul, sendo 260 no Rio Grande do Sul, 50 em Santa Catarina e 60 no Paraná. Geralmente, a expansão começa pelas maiores cidades dos Estados e depois se estende aos principais polos regionais.
A Panvel faz parte do grupo Dimed, que é controlado por três famílias – Mottin, Weber e Pizzatto. Do total de receitas, 82% se concentram na rede de varejo, enquanto os 18% restantes são provenientes da distribuição de medicamentos. O grupo ainda é dono de um laboratório que fabrica itens de higiene e beleza e fornece não só para a Panvel, mas também para terceiros, incluindo a Lojas Renner. A Panvel tem capital aberto na BM&FBovespa desde meados da década de 1980.
Segundo o presidente do grupo Dimed, Julio Ricardo Mottin Neto, a meta para 2017 é colocar o pé no acelerador quando o assunto é a abertura de lojas. Estão previstas 50 novas unidades para o ano que vem, contra as 38 de 2016. O executivo diz que a empresa evitou investimentos exagerados nos tempos de bonança da economia e, por isso, tem condições agora aproveitar oportunidades trazidas pela crise. Neste ano, segundo ele, o crescimento nas vendas está na ordem de 16,5%, apesar da economia estar em recessão.
A entrada da Panvel no mercado de São Paulo é consequência da longa relação da rede com o Grupo Zaffari, que recentemente abriu um hipermercado no Shopping Morumbi Town, empreendimento recentemente inaugurado na Avenida Giovani Gronchi, na zona sul da capital. “No Rio Grande do Sul, temos Panvel em todos os shoppings Bourbon. Esse relacionamento de longo prazo ajudou agora na nossa entrada no mercado paulista”, diz Mottin. O investimento total na loja do Morumbi Town foi de R$ 1,2 milhão.
Para se diferenciar de concorrentes de maior porte muito bem estabelecidas em São Paulo – só a Raia Drogasil tem quase 800 lojas no Estado –, a Panvel tem a seu favor, segundo Mottin, o bom trabalho na área de higiene e beleza. Hoje, o segmento responde por 35% das vendas da Panvel, quase o dobro da média do setor. Na líder Raia Drogasil, esse indicador gira entre 26% e 28%.
Consolidação. Embora o executivo da Dimed afirme que a Panvel não tem interesse em participar de um movimento de fusão ou aquisição, analistas que acompanham o mercado de varejo de medicamentos afirmam que as redes médias deverão passar por um processo de consolidação no longo prazo. “Nós acreditamos que o mercado de varejo de medicamentos no Brasil será mais concentrado e vemos menos oportunidades para as redes de médio porte sobreviverem”, aponta relatório do banco Brasil Plural sobre o setor, divulgado em setembro.
O banco ressalta que, embora a fatia de mercado dos dez maiores varejistas de medicamentos não tenha mudado muito nos últimos anos – mantendo-se ao redor de 41% –, a participação das redes independentes caiu de 33,7% para 29,6% somente nos últimos quatro anos.