Por Ana Luiza de Carvalho | A joalheria Pandora terá 55 novas lojas no Brasil até o fim deste ano, ritmo de quase uma abertura por dia, e pretende realizar mais 40 aberturas no ano que vem. Com as inaugurações, a rede dinamarquesa vai quase dobrar seu número de lojas no país, passando das atuais 103 unidades para 198.
Além da expansão da rede própria, a companhia inicia um projeto de distribuição em joalherias nacionais parceiras. O novo modelo deve ser implementado simultaneamente à estreia de uma linha com diamantes produzidos em laboratório, com menor emissão de carbono, reforçando as metas de sustentabilidade que já incluem ouro e prata reciclados. O Brasil foi um dos cinco mercados globais escolhidos para a novidade.
Com essas ações, a Pandora espera que o Brasil avance no top 20 e chegue ao ranking de dez mercados mais importantes da companhia. “Escolhemos o Brasil para a estreia pelo nível de sofisticação do mercado local. Também há muito joalheiros, que queremos que façam parte do sucesso da Pandora com esse lançamento”, afirma o diretor-geral da Pandora para America Latina, Ásia e Pacífico, Martín Pereyra Rozas
A linha Diamonds by Pandora, que será lançada em 1º de novembro, terá peças com diamantes feitos em laboratório. A diretora da operação brasileira, Daniela Valadão, afirma que as pedras são expostas a condições específicas de temperatura e pressão, simulando o efeito que cria os diamantes a partir do magma vulcânico. Enquanto o processo na natureza pode levar milhares de anos, a criação de um diamante em laboratório leva quatro meses, segundo a executiva. Os processos seguintes, de lapidação e corte da pedra, são iguais aos das pedras naturais.
Queremos transformar um produto exclusivo em produto inclusivo”
A Pandora afirma que a produção usará energia renovável, resultando em uma pegada de carbono de aproximadamente 5% de uma extração de diamante natural do mesmo tamanho. Outro atrativo deve ser o preço, embora a companhia não precise qual será a diferença em relação ao valor de diamantes convencionais.
A escolha do Brasil para receber a coleção, de acordo com os executivos, reflete o papel estratégico do mercado nacional para o setor. “Há um nível de sofisticação que o brasileiro tem no consumo de pedras preciosas. Queremos transformar um produto exclusivo em um produto inclusivo”, diz Rozas.
Dados do Instituto Brasileiro de Gemas e Metais Preciosos (IBGM) apontam que o setor movimentou US$ 4,5 bilhões em 2021, avanço de 20% em relação ao ano anterior. A expectativa é que o segmento cresça no Brasil a uma média de 1,79% por ano até 2027, segundo a consultoria de mercado Mordor Intelligence. Na América Latina, o país é vice-campeão em faturamento, só atrás do México, que também será um dos mercados piloto para o Diamonds by Pandora.
Outra ação da companhia para expandir sua presença no país será a parceria com joalheiros locais. A seleção já foi iniciada em São Paulo, Rio e Belo Horizonte. Rozas afirma que o modelo é semelhante ao adotado na Itália, um dos cinco principais mercados globais da Pandora. A expansão da joalheria no país europeu, de acordo com ele, foi impulsionada pelo modelo.
A marca opera atualmente em 100 países, com 6,8 mil pontos de venda e 27 mil funcionários. As peças são produzidas em duas fábricas na Tailândia e, no próximo ano, a companhia deve inaugurar uma nova unidade no Vietnã. A companhia registrou lucro de 778 milhões de coroas dinamarquesas (US$ 111,2 milhões) no segundo trimestre deste ano, o que representa queda de 16,7% em relação mesmo período de 2022. A receita líquida cresceu 4,25% no comparativo anual, para 5,89 bilhões (cerca de US$ 840 milhões). Já o custo de vendas caiu 3,73%.
Fonte: Valor Economico