Larry Fink, CEO da BlackRock, maior gestora de fundos do mundo, escreveu sua tradicional carta a acionistas em sua casa este ano. O motivo? A pandemia causada pelo novo coronavírus. “O meu plano era usar esse espaço para descrever os eventos e as conquistas da BlackRock em 2019, mas isso parece algo distante da realidade. Desde janeiro, o coronavírus entrou em nossas vidas para mudar o mundo, apresentando um desafio sem precedentes para a economia, a medicina e a humanidade”, diz o executivo logo no início da carta.
“Em meus 44 anos de mercado financeiro, eu nunca vi algo assim. O impacto causado no mercado pelo coronavírus tem uma ferocidade comum somente às clássicas crises financeiras. As implicações da pandemia para as nações, nossos clientes, funcionários e acionistas serão profundas e vão reverberar por muitos anos”, afirma.
Na mensagem, que pode ser lida na íntegra em inglês, Fink também ressalta como a situação expôs a sociedade. “Pessoas ao redor do mundo estão fundamentalmente repensando a maneira como compramos, trabalhamos, viajamos e nos reunimos. Quando sairmos dessa crise, o mundo será diferente. O psicológico dos investidores será diferente. Os negócios serão diferentes. O consumo vai mudar.
Para o presidente da BlackRock, a economia se recuperará firmemente apesar da situação dramática. Na sua visão, isso só vai acontecer, porque o cenário não conta com alguns obstáculos encontrados em outras crises financeiras. “Bancos centrais estão se movendo rapidamente em relação às questões de crédito, e os governos agindo agressivamente na área fiscal.”
Mesmo assim, Fink acredita que há desafios significativos. “Se os governos não forem cautelosos nos seus programas de estímulo, a ‘ferida’ econômica pode cair desproporcionalmente nos ombros dos indivíduos mais vulneráveis”, diz. “Por conta da natureza da crise que nos afeta, é preciso lembrar de compartilhar a nossa humanidade e atacar a pandemia unidos.”
Uma das saídas, no entendimento do executivo, é fazer análises a longo prazo. “Eu sempre defendi esse tipo de pensamento e acho que isso nunca foi tão necessário quanto agora. Empresas e investidores com um forte sentido de propósito e visão de longo prazo são aqueles que navegarão essa crise com mais facilidade.”
No fim da carta, o CEO coloca: “Todos nós fomos impactados de alguma maneira pelo coronavírus. Essa pandemia é uma lembrança importante de que compartilhamos nossa humanidade. Temos de nos unir e nos apoiar, protegendo a saúde e reforçando a nossa habilidade em responder a crises como essas.”
Fonte: Época Negócios