A rede de farmácias Pague Menos revisou suas projeções para este ano, como reflexo, em parte, da desaceleração do mercado. A previsão de aberturas passou de 200 lojas para 180, e a projeção de investimento caiu de R$ 250 milhões para R$ 212 milhões. A estimativa de crescimento nas vendas diminuiu de 12% para 8%.
As alterações refletem o cenário econômico mais difícil do que o esperado pelo comando da companhia e a manutenção de altos índices de desemprego, especialmente no Norte e Nordeste. Nessas áreas, a empresa tem 21% de participação de mercado, segundo a consultoria IMS Healthy.
A decisão de rever as expectativas ainda é consequência da “morosidade” para se obter licenças para a abertura das unidades, segundo comunicado divulgado na semana passada.
Antes dessa revisão nos números, a empresa afirmava que manteria as projeções iniciais de abertura para 2018 com a intenção de “defender o mercado” da concorrência. Segundo o balanço do trimestre, o caixa da empresa, de onde podem sair recursos para aberturas, caiu 40% em março sobre o ano anterior, para R$ 155 milhões.
Ao reduzir inaugurações, a cadeia deve proteger mais seus resultados trimestrais. Com menos lojas novas, há um impacto menor das despesas no balanço e isso afeta menos o valor do Ebtida, o lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação. De janeiro a março o Ebitda caiu 20%, para R$ 45,1 milhões.
Apesar da redução, a estimativa de 180 novas lojas se mantém em patamar similar ao de redes líderes do setor. O número é superior ao registrado em 2017, quando foram inaugurados 170 pontos e fechadas 40 lojas.
“Nós não vamos desacelerar totalmente porque precisamos ocupar mercados e pensar no longo prazo, apesar da fase mais difícil”, disse Luiz Novais, diretor financeiro da empresa. A companhia inaugurou 37 lojas e fechou quatro de janeiro a março.
Os balanços do setor mostram que a Pague Menos registrou vendas mais fracas neste início de ano do que suas rivais – grupo RD (Raia Drogasil) e Extrafarma.
As vendas líquidas subiram pouco menos de 1% de janeiro a março, para R$ 1,47 bilhão, e o lucro líquido caiu 77%, para R$ 1,6 milhão. As vendas de lojas em operação há mais de 12 meses diminuíram 8,6%.
“Tivemos um aumento no portfólio de lojas em 2017 e no primeiro trimestre. Com isso, fica difícil segurar a linha de despesas operacionais. E com a receita crescendo menos, o lucro acabou afetado”, afirma Novais
O executivo diz que o comando da companhia tem feito revisões em custos e despesas, na tentativa de ganhar maior eficiência nesse período de desaceleração das vendas. “Para as aberturas que estão programadas, vamos deslocar pessoal de outras unidades. Isso é possível porque aumentamos a produtividade de pontos mais antigos”, diz. “Isso está sendo feito sem afetar nível de serviço das lojas.”
A empresa mencionou no relatório de resultados que houve “problemas internos de abastecimento de produtos nas lojas [no primeiro trimestre], mas que foram solucionados em abril”, sem detalhar a questão.
Fonte: Valor Econômico