Rede de farmácias visa atrair pessoas físicas para abrir 50 mil lojas virtuais personalizadas
Por Beto Silva
O sistema de vendas porta a porta é milenar. No Brasil foi muito popularizado pela Avon, em seus mais de 130 anos de história, sempre com representantes visitando os domicílios na tentativa de convencer as pessoas a comprar mais um item de perfumaria e beleza. A alta tecnologia chegou, mas não mudou muito esse processo. Na essência, é a mesma coisa: comércio de produtos olho no olho, venda direta, com representante batendo palma ou tocando a campainha da sua casa. Com a diferença que agora é o sininho do WhatsApp que avisa que uma oferta chegou para você em seu smartphone. Ou uma notificação na sua rede social favorita. O que mudou de verdade foram os termos usados para definir essa metodologia de vendas. Door to door e social commerce são alguns deles. E mais empresas estão usando do expediente. Magazine Luiza, no varejo, e C&A, na moda, são alguns exemplos. Agora a rede de farmácias Pague Menos entra nesse movimento ao lançar o programa Minha Pague Menos. É a primeira empresa do setor a fazer isso. “Queremos, acima de tudo, incrementar as vendas em omnicanalidades, através de embaixadores da marca [como são chamados os vendedores]”, disse José Rafael Vasquez, vice-presidente de operação e real estate da Pague Menos.
O projeto ainda está na fase piloto, aberto para adesão dos 20 mil colaboradores da empresa, além de alguns perfis de influenciadores, focados no Instagram — a homepage tem interface com a rede social. Até o momento já foram abertas 2,4 mil lojas on-line, que resultaram em 10 mil compras com tíquete médio de R$ 210,00. A expectativa é que, até o final deste semestre, que finda em 30 de junho, o Minha Pague Menos esteja disponível para o público em geral e atinja um patamar de 50 mil lojas virtuais.
Ao se cadastrar para ter sua própria loja virtual, o embaixador cria uma hotline proprietária no site da Pague Menos. As vitrines podem ser montadas de acordo com os desejos e objetivos dos vendedores, que têm à disposição 10 mil SKU’s (cada um dos itens em estoque), entre produtos de higiene, beleza e cuidados diários. É possível personalizar a página e construir lojas temáticas. “Um professor de educação física pode montar algo relacionado a nutrição e esporte, por exemplo. A ideia é ter fit com o que eles fazem”, afirmou Vasquez. “Forma-se uma relação cliente/vendedor mais autêntica, porque são pessoas que estão no ciclo de amizade.”
Toda a venda feita pelo social commerce é comissionada, em torno de 5%. O proprietário da loja on-line recebe o crédito em sua conta corrente. Para dar suporta à operação, a Pague Menos utiliza sua base de 1.169 unidades físicas espalhadas pelo Brasil. O cliente escolhe entre receber os produtos em casa ou buscar nas farmácias mais próximas. “O prazo médio de entrega é de 2 horas. Se quiser antes disso, temos o sistema clique e retire, para buscar na loja em 30 minutos”, disse o executivo. A logística é feita por parceiros — diferentes em cada região do País.
A iniciativa faz parte da macroestratégia digital da companhia, que está em expansão. No primeiro trimestre deste ano, as vendas originadas nos canais digitais da Pague Menos totalizaram R$ 189,4 milhões, alta de 63,1% na comparação ao mesmo período do ano anterior. Os pedidos realizados pelos canais digitais e retirados na loja representaram 23% das vendas. No total, a companhia faturou R$ 8 bilhões em 2021, 10,3% a mais do que 2020. Paralelamente, a empresa tem ampliado também sua penetração com lojas físicas. Em 2021 foram abertas 80 lojas e estão previstas outras 100 novas neste ano. “Para ter um digital forte, temos de ter um físico forte”, afirmou Vasquez.
Fonte: IstoÉ Dinheiro