Por Adriana Mattos | O Conselho de Administração da Pague Menos aprovou hoje aumento do capital da companhia, no valor de até R$ 400 milhões, mediante subscrição privada, de novas ações ordinárias, com intuito de reduzir a pressão do endividamento sobre a varejista. A compra da Extrafarma, em 2021 antes controlada pela Unipar, teve efeito no aumento da dívida bruta da companhia no segundo trimestre.
Há uma segunda parcela da compra da rede de farmácias a ser paga em agosto, com recursos já captados (R$ 350 milhões) no mercado entre abril e junho.
Para a capitalização em andamento, a empresa conta com o compromisso de adesão de 82% da base acionária (fundadores e General Atlantic). O valor poderá ainda ser acrescido em R$ 133 milhões futuramente, a depender do exercício de bônus de subscrição. É o segundo aumento de capital na companhia no ano.
Além disso, investimentos estão sendo reduzidos, haverá monetização de créditos fiscais para a entrada de recursos em caixa e despesas estão sendo cortadas, diz o grupo em balanço publicado ontem, relativo aos números do segundo trimestre.
Emissão prevista
Serão emitidos, no mínimo, 76,9 milhões de papéis, e, no máximo, 93,9 milhões, com preço de emissão de R$ 4,26 por papel, levando-se em consideração a média ponderada da cotação diária das ações, no período dos últimos cinco pregões entre 31 de julho de e 4 de agosto de 2023, de forma a evitar “diluição injustificada para os atuais acionistas da companhia”, já que reflete o valor atribuído à empresa pelo mercado.
Com base nesse volume de papéis, o valor da capitalização será de, pelo menos, R$ 327,6 milhões , e podendo alcançar R$ 400 milhões.
Os acionistas terão direito de preferência para subscrever ações na proporção de 0,203033460 nova ação ordinária para cada 1 ação de que forem titulares no fechamento do pregão da B3 do dia 10 de agosto de 2023.
Em termos percentuais, cada acionista poderá subscrever uma quantidade de novas ações que representem 20,3% do número de ações de que for titular no fechamento do pregão da B3 em 10 de agosto.
Os recursos serão utilizados para melhorar a atual estrutura de capital da companhia “de forma a permitir que a companhia continue a executar o seu plano de negócios de longo prazo”. Ainda ajudará a reforçar a posição de caixa.
A relação entre dívida líquida e lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação (ebitda, da sigla em inglês) quase dobrou de um ano para cá na companhia.
A dívida líquida da empresa totalizou R$ 1,37 bilhão ao fim do segundo trimestre, equivalente a 1,6 vezes o ebitda ajustado dos últimos 12 meses — e 3,1 vezes quando desconsiderado os efeitos do IFRS 16 ajustado. Esse índice era de 0,9 e de 1,6, respectivamente, um ano antes.
Uma segunda parcela da aquisição da Extrafarma tem que ser paga em agosto. Foram captados, entre abril e julho, R$ 350 milhões para fazer frente ao desembolso desse pagamento e para a rolagem de contratos de financiamento.
Com isso a dívida bruta aumentou em 21,3% em relação ao primeiro trimestre, pressionando o resultado financeiro.
Esse resultado financeiro totalizou R$ 166,6 milhões no trimestre, crescimento de 107,5% em relação ao segundo trimestre de 2022.
A empresa ainda disse que começou a tomar medidas internas para reduzir pressão sobre o caixa.
“Estão sendo implementadas ações para o incremento da geração de caixa, como redução de despesas, redução de capex, monetização de créditos fiscais, aceleração da captura de sinergias da Extrafarma e normalização do capital de giro”, disse a empresa em seu balanço.
A companhia teve prejuízo de R$ 37,3 milhões de abril a junho, versus lucro líquido de R$ 53,6 milhões um ano antes.
Fonte: Valor Econômico