O mercado de pagamentos instantâneos poderá pressionar por atualizações na regulamentação. Com a maior adoção das carteiras digitais, a expectativa é de um forte crescimento até 2020, com novos players e tecnologias aumentando a competitividade.
Os últimos dados da Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs) apontam que o valor transacionado no mercado brasileiro de cartões atingiu R$ 335,4 bilhões no primeiro trimestre deste ano, um avanço de 9,4% em comparação a igual período de 2018 (R$ 306,6 bilhões).
Apenas 2% das transações com cartões, no entanto, já são feitas de maneira contactless. De acordo com Marcos Barros de Paula, superintendente de produtos e canais digitais do Banco Votorantim, existem diversos desafios para os quais o mercado precisa se adaptar.
“Entender o que faz mais sentido para cada tipo de cliente e se destacar ante as várias alternativas são grandes desafios. Além disso, é preciso saber como juntar tudo isso à questão cultural do País”, diz.
Segundo Barros, um terceiro obstáculo ao segmento pode ser o arcabouço regulatório que, apesar de já possuir normas adaptáveis aos meios eletrônicos de pagamento, pode precisar de atualizações.
“É preciso saber como fica a regulamentação de todo o novo mercado de pagamentos instantâneos. Já existem discussões bem avançadas, principalmente para entender a interoperabilidade dos sistemas. Tudo isso pode mudar bastante o mercado”, completa.
Ao mesmo tempo em que o volume de fintechs voltadas para pagamentos cresceu 53,3% em junho deste ano contra agosto de 2018, porém, novos players do setor de varejo e atacado também aderem ao setor, trazendo cartões de marca própria e novas parcerias no segmento.
Para o CEO da In Loco, André Ferraz, apesar dos baixos volumes de transações e frequência de uso entre os consumidores, os setores de delivery e transporte, por exemplo, já demonstram uma tendência de mudança desse cenário.
“A escala desses segmentos é muito maior e já movimenta o mercado. O hábito já foi criado, mas ainda é preciso conquistar mercado e trazer esses meios eletrônicos para outros tipos de transação, principalmente em pontos físicos”, acrescenta Ferraz, da In Loco.
Já para o vice-presidente da Stefanini, Ailtom Nascimento, é exatamente a pulverização da adoção dessas carteiras que trará um crescimento significativo no curto e médio prazo.
“São movimentos que devem se intensificar já a partir de 2020. Inclusive, devemos ver essas operações também tomando o lugar dos meios físicos”, opina o especialista.
Mercado chinês
No cenário de inovação, a maior referência para o segmento é o mercado chinês que já conta com uma forte adoção dos meios de pagamento instantâneos, principalmente por meio do serviço multiplataforma chamado WeChat.
“Isso já é uma realidade na China porque os estabelecimentos adotaram a tecnologia muito rapidamente e o uso começou a fazer sentido para os usuários. Essa expansão é a segunda batalha que o Brasil precisa enfrentar para, então, se preparar para a prevenção de fraudes”, avalia Ferraz. “É um grande desafio de integração nos nossos sistemas e precisaremos de dinamismo.”
Ele pondera que a demanda cada vez mais forte por parte do consumidor pode agilizar esses processos. “Novos players vão chegar e o mercado vai evoluindo, mas toda a infraestrutura desses pagamentos por carteiras digitais precisará de questões fundamentais de privacidade e liberdade como pano de fundo para dar certo. É algo que já estará bem enraizado nos próximos dois ou três anos.”
Fonte: DCI