Os pagamentos digitais já representam 28% do volume de compras na América Latina e devem superar as transações presenciais na região em três anos, mostra estudo da Mastercard com dados da E-Marketer.
De acordo com o levantamento, as vendas eletrônicas crescem 2,8 vezes mais que as físicas e a expectativa é que movimentem, neste ano, US$ 71,34 bilhões nos países latino-americanos. É a região do mundo com maior expansão nos pagamentos eletrônicos. O Brasil é o país em que o comércio eletrônico está mais presente: 15% dos que realizam compras on-line fazem pelo menos uma transação a cada três dias, e 21% recorrem ao e-commerce uma vez por semana. Produtos eletrônicos, roupas e entretenimento são os mais procurados.
Os smartphones já são o principal aparelho usado pelos brasileiros para fazer compras, respondendo por 53% do total. Os desktops e laptops são usados por 45% e os tablets, pelos 2% restantes.
O estudo, feito com 900 consumidores com idades de 18 a 50 anos em nove países da América Latina, também aponta quais as principais barreiras à expansão dos pagamentos on-line. A desconfiança em relação ao processo é uma das principais delas, mesmo em mercados em que as compras pela internet já estão disseminadas, como o Brasil.
“Hoje, existe mais segurança nos pagamentos feitos no mundo físico e estamos correndo para equiparar [no digital]”, afirma João Paro Neto, presidente da Mastercard no Brasil.
Uma das apostas da companhia é a tokenização, processo que atribui um número falso como uma máscara que esconde o número verdadeiro de um cartão usado para fazer uma compra. A solução vem sendo usada principalmente nas transações em que o cliente salva suas credenciais num site que usa de forma recorrente, como a Netflix. Esse tipo de operação representa 64% dos pagamentos digitais na América Latina. Porém, a ideia é que seja gradualmente estendida a qualquer modalidade. A expectativa é que todas as transações estejam tokenizadas em quatro anos, segundo Jorge Arbesu, vice-presidente de cibersegurança e inteligência da Mastercard na América Latina.
A Mastercard também começa a adotar biometria para autenticar as transações. A forma como o consumidor segura o celular, a rapidez com que insere sua senha e a força com que digita são fatores que serão levados em conta para assegurar que a pessoa que está fazendo a compra é realmente a dona do cartão. O sistema está sendo implementado nos Estados Unidos.
Outra estratégia da bandeira é atuar junto aos lojistas para prevenir e reverter fraudes. A Mastercard adquiriu neste ano a Ethoca, uma empresa que oferece soluções em tempo real para coibir operações problemáticas.
Quando um consumidor não reconhece uma transação, a tecnologia permite que o lojista fique sabendo no mesmo momento e possa, com isso, cancelar a operação ou evitar que o produto comprado seja despachado. Essa informação é disparada para todos os varejistas conectados à rede para evitar que eles também sejam vítimas do golpe.
“Antes, o varejista levava tempo para receber a informação de que uma transação não era reconhecida. Só aí começava a devolução [cashback]. O problema é que o criminoso ia embora com os produtos”, afirma Johan Gerber, vice-presidente executivo de segurança da Mastercard.
A tecnologia também vai permitir que o cliente peça mais detalhes de uma compra quando não reconhece a descrição que vem na fatura (muitas vezes feita com o nome da empresa e não com a marca fantasia).
Segundo Jason Howard, vicepresidente executivo de vendas da Ethoca, a empresa tem 7 mil varejistas conectados a seus sistemas. Além da Mastercard, a companhia atua com a Visa e outras bandeiras. “Estamos mudando de um modelo antifraude baseado no conhecimento para um modelo baseado em inteligência, com o objetivo de analisar padrões e projetar tendências”, afirma Arbesu.
Fonte: Valor Econômico