A operação da rede de restaurantes Outback está à venda no Brasil, antecipou ontem o Valor PRO, serviço de informação em tempo real do Valor. O Bank of America Merrill Lynch (BofA Merrill Lynch) foi contratado há cerca de três meses para buscar interessados no ativo, após a matriz americana decidir se desfazer de alguns negócios no mundo.
A operação é controlada pela Bloomin’ Brands, com cerca de 1,5 mil restaurantes de diversas marcas em cerca de 20 países e vendas anuais de US$ 4 bilhões, montante que praticamente não tem crescido há, pelo menos, quatro anos.
A negociação inclui, além das 100 unidades do Outback, a rede Abbraccio, com 12 pontos e foco em comida italiana, e uma unidade da “steakhouse” Fleming’s.
No Brasil, os resultados melhoraram em relação ao ano passado, quando vendas e tráfego de clientes caíram, puxando para baixo a base de comparação de 2018. Mas as margens continuam pressionadas pelos altos custos da operação, segundo uma fonte.
Somadas, todas as marcas no país venderam R$ 1,4 bilhão em 2018, apurou o Valor. De janeiro a setembro, as vendas das “mesmas lojas” (pontos em operação há mais de 18 meses) subiram 6% no Brasil, versus queda de quase 3% um ano atrás. Mas a margem de lucro antes de juros impostos, amortização e depreciação (Ebitda) em 2018 ficou em 7,9%, diz a fonte.
Neste momento, a operação no mundo tem sido negociada com investidores que não se interessam em adquirir, no mesmo bloco, a atividade no Brasil Com isso, há uma busca por redes locais ou fundos com foco no país. “O Outback é um bom negócio, com filas na porta, mas que poderia dar mais dinheiro do que dá”, diz uma fonte a par dos números.
A Bloomin’ Brands não opera pelo modelo tradicional de franquias – os americanos são controladores e há alguns sócios-operadores locais com pequena fatia.
O Valor apurou que a International Meal Company (IMC) e a rede Madero demonstraram interesse na operação junto ao BofA. A IMC cogita a hipótese de se desfazer da Olive Garden no país, com foco em massa (concorrente da Abbraccio), caso as conversas evoluam, apurou o Valor.
A Madero está focada em sua abertura de capital (ver mais na página C3) e preferiu não avançar numa negociação, diz fonte.
Semanas atrás, o comando global da Bloomin’ Brands informou que estava explorando novas opções para o grupo, pressionado por acionistas minoritários insatisfeitos. Procurada ontem, a companhia informou que busca “opções estratégicas e avalia alternativas” como um todo, e ressalta que esse movimento “não se trata especificamente das participações no Brasil”, mas de todo o grupo. Afirma que está comprometida com os negócios no país, satisfeita com o desempenho e vê potencial de crescimento maior
Fonte: Valor Econômico