A Óticas Carol, que em janeiro foi adquirida pela italiana Luxottica por € 110 milhões (R$ 386,6 milhões) e aguarda aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), registra crescimento acima da média do mercado no primeiro trimestre deste ano. “Foi o melhor trimestre dos últimos cinco anos”, disse Ronaldo Pereira, presidente da companhia, a maior rede de óticas do país.
As vendas no primeiro trimestre cresceram 21%, em relação ao mesmo intervalo de 2016. Nas lojas abertas há mais de 12 meses, o aumento foi de 11,6%. Pereira disse que trabalha com foco na ampliação das vendas de óculos de grau. “A expectativa é que as vendas mais ligadas à moda ganhem força no segundo semestre”, disse o executivo. A Óticas Carol possui atualmente 970 lojas e tem como meta fechar o ano com 1.150 unidades. Em cinco a dez anos, disse Pereira, a rede tem como objetivo chegar a 2 mil a 3 mil unidades.
“Trabalhamos com essas metas, enquanto a compra pela Luxottica não é aprovada. Depois disso, pode haver mudanças, mas não temos nenhuma informação até o momento”, diz Pereira. Segundo ele, a Luxottica não mantém contatos com a Óticas Carol enquanto a compra não é avaliada pelo Cade.
Por enquanto, a companhia segue com o planejamento feito no fim do ano passado, com expansão de lojas de franquia em todo o país. Do total de lojas que a Óticas Carol possui atualmente, apenas 18 são próprias. Pereira acrescenta que 65% das aberturas de novas lojas são feitas pelos próprios franqueados. A rede possui 280 franqueados.
A companhia avalia desenvolver um site de comércio eletrônico de óculos, integrado com as lojas de franquia. “O desafio para os próximos três anos é tornar a companhia mais digital”, disse Pereira.
Ele observou que o processo de produção de lentes já é bastante digitalizado. As lojas enviam os pedidos de lentes para o laboratório da companhia, em Barueri (SP). A lente é fabricada no laboratório ou encaminhada por internet para fabricantes terceirizados para o corte. A fabricação própria, segundo Pereira, é 20% mais barata para o consumidor do que lentes de outros fabricantes e já representa 22% das vendas de lentes feitas pela Óticas Carol.
“O consumidor ainda busca produtos com preços mais baixos. As vendas vão bem com lentes e armações de até R$ 399 o par. Passando desse valor, as vendas estão mais difíceis”, afirmou Pereira.
A Óticas Carol fechou o ano passado com receita de R$ 813 milhões e crescimento de 14% em relação a 2015. Para 2017, a companhia prevê crescer 12,9%, chegando a R$ 918 milhões, com a abertura de 180 lojas. Pereira disse que ainda não tem informação se a Sunglass Hut, que pertence à Luxottica, será integrada à rede da Óticas Carol. A Sunglass Hut foi instalada no Brasil em 2011 e conta com 100 unidades no país.
A negociação entre a Luxottica e a Óticas Carol levou cerca de um ano e foi concluída com os sócios 3i Group, Neuberger Berman e Siguler Guff & Company em janeiro. Como parte do acordo, os contratos de Ronaldo Pereira e dos diretores da varejista foram renovados por mais três anos.
A Óticas Carol lidera o mercado brasileiro de óticas, com 2,3% de participação, de acordo com a Euromonitor International. A Luxottica, que neste ano também adquiriu a fabricante francesa de lentes Essilor International, por € 46,3 bilhões, é a maior empresa global de armações e lentes, com participação de mercado de 32% no mundo e de 28,3% no Brasil.
Fonte: Valor Econômico