A International Meal Company Alimentação (IMC) – que controla as redes Frango Assado e Viena, além de operar no Brasil marcas internacionais como KFC, Pizza Hut e Olive Garden – fez um forte ajuste nas operações na pandemia. Cortou em cerca de 40% seu quadro de pessoal – de 10 mil para 6 mil pessoas -, fechou 35 unidades e simplificou cardápios. Em setembro, as vendas na rede Frango Assado, uma das principais do grupo, voltaram aos níveis anteriores à covid-19, mas a tendência de trabalhar com uma estrutura mais enxuta veio para ficar.
“Aprendemos com a pandemia. Reduzimos lojas, simplificamos o cardápio e aprendemos a ser mais eficientes. Vamos voltar a contratar, mas não voltaremos para 10 mil funcionários”, disse Newton Maia, CEO da IMC. E acrescentou que os restaurantes operam agora com 20% menos empregados em comparação com o período pré-pandemia.
Maia observou que muitos concorrentes também fecharam as portas na pandemia. A Associação Nacional de Restaurantes (ANR) estima que 20% dos restaurantes do país faliram neste ano.
Por outro lado, com o aumento de imóveis comerciais disponíveis, os preços do aluguel baixaram, favorecendo a renegociação de contratos vigentes e a locação de novos imóveis, o que está sendo considerado oportunidade para os próximos passos do grupo. “Em muitos locais o aluguel caiu quase pela metade. Há shopping centers isentando o pagamento de luvas para atrair lojistas”, acrescentou o CEO.
O principal foco de expansão da IMC será a rede Pizza Hut. A companhia aposta em um formato de loja pequena, para ser instalada em postos de gasolina, voltada para venda para viagem ou entrega em domicílio (delivery). Segundo Maia, a IMC vai usar a cozinha central que foi instalada em 2019, com investimento de R$ 35 milhoes, para produzir a massa de pizza, que será enviada congelada para as lojas.
Hoje a massa é produzida em cada loja da Pizza Hut no Brasil, mas em outros países, a produção é centralizada. “Com isso, a loja pode ser menor. Diminuímos o número de funcionários, aluguel, investimento”, disse Maia.
O investimento para abrir a loja menor varia entre R$ 800 mil e R$ 850 mil, em comparação à loja tradicional, que demanda R$ 1,2 milhão. E o faturamento é o mesmo, da ordem de R$ 200 mil. A exigência de funcionários é 30% menor. “A cozinha representa pelo menos metade do tamanho dos restaurantes. Quando transfiro para a cozinha central posso reduzir muito o tamanho das lojas”, afirmou. A concorrente Domino’s, que no Brasil é controlada pela Vinci Partners, também está concentrando as novas aberturas em lojas menores.
Em setembro, a IMC contabilizava 232 lojas da Pizza Hut (34 próprias), 93 KFC (sendo 39 próprias) e 25 Frango Assado (19 próprias). O total de lojas, incluindo outras bandeiras e operações no exterior, chegava a 492 unidades.
Maia não divulgou o número exato de lojas que pretende abrir no Brasil. Antes de fazer a emissão de ações, a IMC tinha como projeção para os próximos cinco anos abrir 40 lojas por ano de Pizza Hut, 40 lojas por ano do KFC e 3 lojas por ano de Frango Assado.
“A rede Frango Assado tem chances de abrir mais que três lojas, porque o ritmo de vendas da rede está melhor”, afirmou Maia. O movimento nas estradas de São Paulo, onde estão a maioria das lojas da rede, está praticamente normalizado, segundo o executivo. O índice ABCR de movimento nas estradas apresentou em agosto alta de 11,2% em relação a julho. Em relação a agosto de 2019, houve queda de 10,6%. Mas o fluxo de veículos pesados já é igual ao de 2019.
As vendas no Frango Assado voltaram aos níveis pré-pandêmicos em setembro, graças aos pedidos por delivery, que mais que dobraram em relação ao ano passado. Ao mesmo tempo, o espaço de salão das unidades foi ampliado, com uso da cozinha central do grupo para 90% da produção da rede. De acordo com dados divulgados pela companhia, na primeira quinzena de agosto, as vendas do Frango Assado estavam 15,1% menores em relação ao mesmo período de 2019. No caso do KFC, a queda era de 7,7% e da Pizza Hut, o desempenho era 31,9% menor.
No caso do KFC, a expansão de lojas será feita em shopping centers. “Há um grande número de shoppings voltados para classes B e C para abrir unidades do KFC”, disse Maia. O executivo observou que mais de 50% da proteína consumida no país é de frango, segundo dados da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Mas o mercado de fast-food de frango é pouco explorado. Em 2019, havia no país 230 restaurantes fast-food com menu focado em frango, sendo que 28% deles eram KFC.
A IMC mudou o portfólio do KFC, concentrando-se na oferta de combos para a família, assim como fez na Pizza Hut. “A compra por cliente atingiu uma receita maior do que no ano passado por causa disso”, disse Maia.