Entre as consumidoras de moda íntima, o e-commerce ganhou participação como principal canal de venda. Estudo da consultoria Iemi, realizado em fevereiro, mostra que para 12% das entrevistadas as lojas virtuais são o meio preferido para comprar itens como lingeries, calcinhas e sutiãs. Em 2015, a fatia era de 7,6%.
A tendência para os próximos anos, na visão do diretor do Iemi, Marcelo Prado, é que o comércio eletrônico ganhe ainda mais espaço dentro do setor, já que a parcela ainda é baixa e há uma tendência geral de expansão das vendas virtuais no varejo.
“No segmento de vestuário, a experiência de ver o produto ainda é importante para boa parte dos consumidores, mas existe sim uma tendência de crescimento da compra on-line”, complementa o diretor de expansão da Hope Lingerie, loja de moda íntima feminina, Sylvio Korytowski. Na empresa, as vendas virtuais respondem hoje por 8% do faturamento.
O número, considerado baixo, vem crescendo de forma expressiva na empresa nos últimos anos, muito por conta da base ainda pequena de comparação. Em 2015, por exemplo, a fatia não ultrapassava os 4%. O executivo explica que o canal tem se tornado complementar às lojas físicas e não um concorrente do canal offline. “O e-commerce tem agregado muito para a loja física. Vemos muitas consumidoras que pesquisam na loja virtual e depois vão comprar no físico.”
O levantamento do Iemi mostra que os principais fatores citados pelas consumidoras que preferem o e-commerce são a facilidade de compra e os preços mais baixos. “O que ela espera da loja virtual é justamente a maior praticidade”, diz Korytowski.
O crescimento da relevância do comércio eletrônico entre as consumidoras se deu principalmente em cima de uma redução da compra com revendedoras/sacoleiras. Enquanto em 2015 o canal era o preferido de 22% das entrevistas, este ano a fatia caiu para 17%. Já as lojas físicas seguiram na liderança, com uma participação de 72%. Das consumidoras que optam pelas unidades físicas, a preferência é pelos shopping centers (44%), seguida pelas lojas de rua (38%) e por galerias (19%).
De acordo com a pesquisa, os principais atributos para a escolha da loja física em que irá comprar são o bom atendimento e a variedade de produtos (ambos citados por 42% das entrevistadas), seguido por bons descontos e promoções (29%). Já os motivos mais relevantes que levam a rejeição são mau atendimento e os preços superiores à concorrência.
Frequência e tíquete
A mudança no hábito das consumidoras de moda íntima não ficou restrita ao canal de venda. Segundo o estudo do Iemi, houve um aumento da frequência de compra, da quantidade de itens consumidos e do tíquete médio. No intervalo de 2015 até fevereiro deste ano, o valor médio gasto em cada compra subiu de R$ 106 para R$ 127, um avanço de 20%. A frequência de compra passou de 5,2 para 5,5 por ano, e o número de artigos adquiridos de 3,5 para 3,9, em média.
Em relação à frequência de compra, o levantamento mostra que 32% das consumidoras compram uma peça de moda íntima a cada dois meses, 29% a cada quatro meses ou mais, 21% a cada três meses e 18% um produto por mês. Das que consomem um artigo a cada mês, a grande maioria são jovens, entre 18 e 34 anos.
Para Prado, do Iemi, a expansão do tíquete médio e da frequência durante os anos de crise se deu por dois fatores, principalmente: a recessão fez com que a o consumo ficasse mais centrado no consumidor de maior renda – o que impactou o tíquete médio – e houve uma migração para itens de maior valor agregado. “As pessoas passaram a rejeitar produtos mais básicos e buscar itens com um maior apelo, mais atrativos e com estilo.”
A mudança no comportamento das consumidoras foi percebida pela Hope. O diretor da fabricante e rede de franquias ressalta que o consumidor está trocando mais o guarda roupa por uma mudança na percepção em relação aos produtos do segmento. Segundo ele, os artigos tem ganhado cada vez mais um viés de moda.
“Esse aumento tem ocorrido pela mudança no comportamento de compra das consumidoras. A moda íntima ganha cada vez mais características de produtos de moda, e começa a virar quase um acessório, o que aumenta a procura pelos nossos produtos”, explica.
Fontes: DCI