Foi mirando nas pessoas, e não apenas na tecnologia, que a OLX teve um 2020 altamente positivo. “A empresa cresceu durante a crise, porque acelerou a mudança de comportamento das pessoas”, disse à DINHEIRO o holandês Andries Oudshoorn, CEO da OLX. A companhia registrou aumento de 26% nas vendas durante o ano passado na comparação com 2019. A receita chegou a R$ 683 milhões. Se o isolamento social levou o consumidor ao varejo virtual, o executivo reconhece que é natural que o crescimento diminua à medida que a vacinação avance pelo País até o fim deste ano. Mas isso não preocupa. “Parte desse cliente que se digitalizou vai permanecer.”
A empresa evidentemente surfou na onda como todos. O Índice do Comitê de Métricas da Câmara Brasileira da Economia Digital, em parceria com o Neotrust-Movimento Compre&Confie, aponta alta acumulada de 73,8% do e-commerce em 2020. A transformação no hábito dos clientes é confirmada pela Associação Brasileira de Comércio Eletrônico. Segundo a entidade, entre abril e setembro, 11,5 milhões de pessoas fizeram a primeira compra pela internet. A questão passa a ser quais empresas vão manter essa massa de consumidores e multiplicar sua presença no universo de compras on-line. Na OLX, ao menos 58 milhões de consumidores ativos utilizaram mensalmente a plataforma. O montante movimentado com a comercialização de 29 milhões de itens no ano passado atingiu R$ 290 bilhões, crescimento de 107% em relação ao ano anterior (R$ 140 bilhões). “Uma parcela grande da economia passa pela OLX”, afirmou o executivo.
“Esse realmente foi um momento histórico para a OLX. Dobramos de tamanho” Andries Oudshoorn CEO da OLX
E aí vem um fator decisivo. A OLX viu crescer o movimento em tudo quanto é tipo de segmento. Inclusive venda de carros. Houve alta em agro & indústria (66%), esportes & lazer (63%), celulares & tecnologia (62%), casa (52%), comércio & escritório (49%), computadores & acessórios (41%), eletrodomésticos (22%). “E vendemos 13% mais carros. O estoque médio da plataforma já chega a 1 milhão de veículos”, afirmou Oudshoorn. Alta que se estende à categoria de imóveis, principalmente após a aquisição do Grupo Zap, por R$ 2,9 bilhões, no início de 2020 – a transação foi concretizada em outubro com a aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica. As marcas Zap e Viva Real acabaram incorporadas à OLX Imóveis, todas agora sob o guarda-chuvas da recém-criada Zap+. Juntas, segundo Andries, as unidades possuem 14 milhões de anúncios de imóveis, com média de 70 milhões de visitas por mês e base de clientes composta por 40 mil imobiliárias e 571 incorporadoras. “Esse realmente foi um momento histórico para a OLX. Dobramos de tamanho, além do número de funcionários”, disse. O grupo tem cerca de 1,6 mil empregados, em São Paulo e no Rio de Janeiro.
Um arsenal ajustado para o que deve ser 2021. Pesquisa realizada pela EbitNielsen aponta aumento de 26% nos negócios, com faturamento estimado em RS 110 bilhões. E nem mesmo questões como desemprego em alta e aumento da inflação tiram a confiança do executivo da OLX na recuperação da economia brasileira. “As empresas estão descobrindo como atuar nesta realidade, e as pessoas achando novos fundos de receita”, afirmou. “Estou muito otimista que o Brasil vai sair mais forte da pandemia.”
Fonte: IstoÉ Dinheiro