O site de classificados OLX comprou o Grupo Zap, dono dos sites de imóveis Zap e VivaReal. A operação, de R$ 2,9 bilhões, será paga em dinheiro por meio de um aumento de capital feito pelos acionistas da OLX no Brasil – a Prosus (braço de serviço de internet da sul-africana Naspers) e a norueguesa Adevinta, que tem sites em 16 países. A expectativa é que o negócio, que precisa ser aprovado pelo Cade, seja concluído no segundo semestre.
Esta é a segunda aquisição da OLX no mercado imobiliário brasileiro em seis meses. Em agosto do ano passado, a companhia comprou a Anapro, que atua com incorporadoras na gestão de vendas de lançamentos imobiliários, por valor não informado.
“O segmento de imóveis é o segundo mais importante para a OLX [depois de carros] e acreditamos muito no crescimento devido ao momento de recuperação da economia, de juros baixos. Além disso, trata-se de um mercado imaturo, com muitas ineficiências. Com a aquisição, conseguimos ter mais inovação”, disse ao Valor o holandês Andries Oudshoorn, presidente da OLX Brasil.
Segundo o executivo, ainda não está definido como as operações funcionarão após a integração – se os anúncios de imóveis da OLX migrarão para o Zap e para o VivaReal, ou se as duas operações serão mantidas. A decisão só será tomada depois da avaliação do negócio pelo Cade.
O Grupo Zap foi criado em 2017 com a união do Zap e do VivaReal, os dois maiores sites de imóveis do Brasil. A companhia era controlada pelo Grupo Globo, ao qual o Valor pertence, e tinha como acionistas fundos que investiram no VivaReal, como Monashees, Kaszek, Valiant, Dragonner, Spark Capital e Lead Edge. Com 800 funcionários, o Zap teve, em 2018, receita líquida de R$ 217 milhões, com Ebitda negativo de R$ 18 milhões.
A OLX tem 750 funcionários e fechou 2019 com receita de R$ 400 milhões. Em 2018, número mais recente disponível, os usuários compraram e venderam um total de R$ 59 bilhões. De origem holandesa, o site começou a operar no Brasil em 2010, mesmo ano em que o controle da operação global foi adquirido pela Naspers. Em 2014, comprou seu principal concorrente local, o Bom Negócio.
O site tornou-se o principal destino para compra e venda de produtos usados no país, em grande parte devido ao movimento do concorrente Mercado Livre de se concentrar em lojas que vendem produtos novos. Nos últimos anos, a OLX vinha trabalhando na segmentação de sua operação por áreas como automóveis, bens de consumo, empregos e serviços. Globalmente, a companhia fechou, em novembro, um aporte de US$ 400 milhões no Frontier Car Group (FCG), que controla sites de venda de veículos usados em países emergentes.
Perguntado se novas operações podem ocorrer em outras áreas no Brasil, Oudshoorn disse que a OLX está sempre olhando oportunidades, mas ressalvou que, neste momento, a atenção está voltada à conclusão do negócio anunciado ontem.
O Zap nasceu em 2001 como Planeta Imóvel. Mais tarde, foi vendido para o Grupo Globo e o Grupo Estado. Em 2012, passou a ser controlado 100% pela Globo. Em 2017, novos sócios entraram na empresa com a fusão com o VivaReal. A companhia era considerada candidata a tornar-se um unicórnio, como são chamadas companhias iniciantes com valor de mercado superior a US$ 1 bilhão.
A lista, que atualmente conta com 11 empresas brasileiras, tem duas companhias do segmento imobiliário: QuintoAndar, que em setembro recebeu aporte de US$ 250 milhões liderado pela SoftBank; e a Loft, que em janeiro anunciou rodada de US$ 175 milhões sob a condução dos fundos americanos Andreesen Horowitz e Vulcan Capital. “Muita gente está investindo porque enxerga oportunidades”, disse Oudshoorn.
A operação é considerada um sinal positivo para o mercado de startups. Embora o fluxo de investimentos em companhias novatas tenha aumentado significativamente nos últimos anos, os eventos de liquidez para investidores – as saídas – ainda ocorrem em número reduzido.
Uma aceleração nesse tipo de operação é vista como importante para “manter a roda girando”. Com exemplos concretos de que podem obter bom retorno, a expectativa é que os investidores façam mais aportes, permitindo que os empreendedores abram mais companhias.
Fonte: Valor Econômico